Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/07/2001 - 04h00

Acordo com empresas de ônibus não impede queda de passageiros

Publicidade

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

Dois meses depois de um acordo entre a prefeita Marta Suplicy (PT), 56, e as viações de ônibus que estabeleceu a elevação da tarifa e a renovação de parte da frota, a crise no transporte da cidade de São Paulo persiste e já acumula mais resultados negativos.

Ontem, quatro empresas, que transportam 112 mil pessoas diariamente, só conseguiram colocar parte de seus veículos nas ruas. Motivos: falta de manutenção e atrasos ou divergências de pagamento dos funcionários.

As negociações realizadas em maio também não ajudaram a resolver um dos principais problemas do sistema nos últimos cinco anos: a fuga de passageiros. Pelo contrário: no mês passado, foram transportados 87 milhões, queda de 7,6% em relação a maio deste ano e de 6,2% na comparação com junho de 2000.

Nunca, nas duas últimas décadas, os ônibus chegaram a transportar menos usuários durante um mês sem greve de motoristas e sem férias escolares.

As bases do acerto entre a administração municipal e os empresários do setor previam um reajuste de 21,74% da passagem (acima da inflação de 14,6% acumulada desde janeiro de 1999, data do reajuste anterior), que passou de R$ 1,15 para R$ 1,40, em troca de mil novos ônibus nas ruas até outubro (cerca de 10% da frota). Desses, 230 já foram entregues pelas viações. Um foi queimado por perueiros no último dia 8.

As conversas do governo petista com as viações no primeiro semestre foram voltadas para os quatro grupos que controlam 60% do sistema (Niquini, Belarmino, Constantino e Ruas).

Esses empresários já foram acusados por Marta de chantagear a prefeitura, organizando locautes (greve de patrões), para obter subsídios e reajuste de tarifa.

Os problemas que voltam a ascender agora envolvem as viações independentes, que não participaram diretamente da definição de compromissos com a administração municipal.

A SPTrans (São Paulo Transporte, responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo na capital paulista) teve que acionar ontem um plano emergencial para atender algumas linhas da Iguatemi (zona leste),
Georgia (zona sul) e CCTC (zona norte).

Na viação Vitória (zona leste), a greve que já durava quatro dias, em razão de falta de salários, continuou com apenas 30% dos funcionários, que atenderam uma determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de manter 70% da frota operando.

Na Iguatemi e na Georgia, parte dos ônibus não saiu das garagens por não ter condições de rodar. Ou seja, falta de manutenção. A SPTrans desviou 27 veículos para cobrir parte do contingente atendido por essas empresas.

Os condutores da CCTC (Cooperativa Comunitária de Transportes Coletivos) fizeram paralisação total e organizaram uma manifestação em frente ao Palácio das Indústrias, que reuniu cerca de 70 pessoas, em protesto contra uma proposta da diretoria da empresa de reduzir os salários para viabilizar os pagamentos das dívidas. A viação é uma cooperativa que abriga funcionários da extinta CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos).

No começo da noite de ontem, ainda não havia perspectivas para a normalização de todas as atividades nas quatro viações.

A SPTrans divulgou uma nota oficial dizendo que não pode interferir nos estatutos da CCTC. Os cooperados queriam uma intervenção da prefeitura, em resposta às intenções da diretoria.

Transurb
O presidente do Transurb (sindicato das empresas de ônibus), Sergio Pavani, disse ontem que essas dificuldades em algumas viações ainda vão "respingar por muito tempo". "Estamos com um prejuízo acumulado de
oito anos. As dificuldades não acabaram de uma hora para outra", afirmou.

Segundo ele, os compromissos assumidos com Marta dois meses atrás não garantem a melhoria de qualidade do transporte. "Enquanto não aumentar a quantidade de passageiros, com a prefeitura combatendo os perueiros, não haverá melhoria", disse.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página