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22/07/2001
-
08h55
da Folha de S. Paulo
O policial militar do Distrito Federal Teófilo Peixoto, 34, diz ter vergonha de seu contracheque: R$ 100 a R$ 200 por mês.
Seu salário bruto é de R$ 1.358. Após descontos da folha por empréstimos, alimentos e gastos de saúde, chegou a receber uma vez menos de R$ 50. Para ele, a única forma de negociar é com greve.
Peixoto, a mulher e os cinco filhos dependem de amigos. Francilândia, 30, diz sem que ele ouça que pede dinheiro e comida a outros PMs. "Perdi a vergonha porque os meninos precisam comer."
Elcanã, 10, nasceu com malformações e consome boa parte do orçamento familiar. Após três cirurgias, precisa de tratamentos. É surdo, tem deficiência visual e precisa operar o palato bucal.
"Queria manter o mínimo de dignidade para meus filhos." A casa de dois quartos é alugada. O lote em uma área dominada por criminosos foi vendido. "Era vender ou morrer", diz sua mulher.
A filha Ruama, 9, quer ser policial. "Quero que ela estude para tirar essa idéia da cabeça."
Já o soldado que vendeu algemas e apito por causa dos baixos salários, em junho de 2000, em Porto Alegre, considera "desesperadora" a situação da categoria.
Erlon Rodrigues, 35, diz que colegas buscam falsificadores para "limpar" contracheques, apagando descontos. Com o salário "maquiado", eles conseguem pequenos empréstimos para sobreviver.
Rodrigues obteve R$ 40 vendendo parte de seu equipamento. Ficou preso cinco dias e foi desligado da Brigada Militar (PM gaúcha). Quatro meses depois, voltou à corporação com uma liminar.
"Três dias antes, não tinha dinheiro para comprar pizza no aniversário da minha filha", diz. "Se minha filha me exige, por que não posso exigir do governo?"
Ele não se arrepende. "Não roubei, não matei, não cometi abuso. Só provei o descaso do governo."
Após retornar, esteve em dois protestos: incendiou o contracheque e distribuiu panfletos. "O que faço é por mim, não sou líder da categoria." Quando afastado, tentou mas não foi eleito vereador pelo PPB em Santa Maria.
Leia mais sobre a crise da polícia
Policial militar diz ter vergonha do contracheque
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O policial militar do Distrito Federal Teófilo Peixoto, 34, diz ter vergonha de seu contracheque: R$ 100 a R$ 200 por mês.
Seu salário bruto é de R$ 1.358. Após descontos da folha por empréstimos, alimentos e gastos de saúde, chegou a receber uma vez menos de R$ 50. Para ele, a única forma de negociar é com greve.
Peixoto, a mulher e os cinco filhos dependem de amigos. Francilândia, 30, diz sem que ele ouça que pede dinheiro e comida a outros PMs. "Perdi a vergonha porque os meninos precisam comer."
Elcanã, 10, nasceu com malformações e consome boa parte do orçamento familiar. Após três cirurgias, precisa de tratamentos. É surdo, tem deficiência visual e precisa operar o palato bucal.
"Queria manter o mínimo de dignidade para meus filhos." A casa de dois quartos é alugada. O lote em uma área dominada por criminosos foi vendido. "Era vender ou morrer", diz sua mulher.
A filha Ruama, 9, quer ser policial. "Quero que ela estude para tirar essa idéia da cabeça."
Já o soldado que vendeu algemas e apito por causa dos baixos salários, em junho de 2000, em Porto Alegre, considera "desesperadora" a situação da categoria.
Erlon Rodrigues, 35, diz que colegas buscam falsificadores para "limpar" contracheques, apagando descontos. Com o salário "maquiado", eles conseguem pequenos empréstimos para sobreviver.
Rodrigues obteve R$ 40 vendendo parte de seu equipamento. Ficou preso cinco dias e foi desligado da Brigada Militar (PM gaúcha). Quatro meses depois, voltou à corporação com uma liminar.
"Três dias antes, não tinha dinheiro para comprar pizza no aniversário da minha filha", diz. "Se minha filha me exige, por que não posso exigir do governo?"
Ele não se arrepende. "Não roubei, não matei, não cometi abuso. Só provei o descaso do governo."
Após retornar, esteve em dois protestos: incendiou o contracheque e distribuiu panfletos. "O que faço é por mim, não sou líder da categoria." Quando afastado, tentou mas não foi eleito vereador pelo PPB em Santa Maria.
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