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Governo recua e libera R$ 400 mil para Fundação Casa de Jorge Amado
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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
Após a família de Jorge Amado receber convites para transferir cerca de 250 mil documentos que retratam 70 anos de vida literária e política do escritor baiano para as universidades de Harvard (EUA) e Bari (Itália), o governo da Bahia cedeu à pressão e anunciou, em caráter emergencial, a liberação de R$ 400 mil para a Fundação Casa de Jorge Amado.
Em março, com o fim do convênio, o governo Jaques Wagner (PT) suspendeu o repasse de R$ 68 mil por mês à fundação, sob a alegação de que o valor não poderia ser usado para pagar despesas pessoais.
O valor foi liberado enquanto o governo estadual aguarda parecer da Procuradoria do Estado sobre o caso.
Sem dinheiro, a fundação demitiu 50% dos seus funcionários, fechou o Café Teatro Zélia Gattai (que funcionava no mesmo prédio), reduziu o horário de atendimento ao público e desligou o sistema de ar-condicionado. Pressionado por intelectuais, há quase um mês o governo liberou R$ 200 mil (valor para seis meses).
"Depois que as notícias da crise na fundação foram publicadas, minha mãe [a escritora Zélia Gattai] recebeu ligações de Jack Lang [ex-ministro da Cultura da França] e de Mário Soares [ex-primeiro-ministro e ex-presidente de Portugal], disse João Jorge, filho de Amado.
Jorge afirmou também que as universidades de Harvard e de Bari também manifestaram interesse pelo acervo de Jorge Amado (1912-2001).
"Acho que qualquer universidade do mundo gostaria de contar com os documentos que temos", disse Miriam Fraga, diretora da fundação.
Segundo Jorge, o primeiro contato feito pela Universidade de Harvard para incorporar o acervo do escritor baiano aconteceu há pouco mais de 20 anos. "Na época, houve uma mobilização muito grande e o meu pai não aceitou a proposta porque, para ele, toda a sua obra e as homenagens recebidas pertenciam aos baianos."
Apesar de anunciar a liberação dos recursos, a Secretaria da Cultura informou, em nota, que a Fundação Casa de Jorge Amado "é uma instituição de direito privado". No ano passado, segundo a nota, a entidade recebeu R$ 943.928,71. "Mais da metade desses recursos foi destinada ao pagamento de salários e encargos sociais, contrariando o que determina a Constituição brasileira".
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