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02/08/2001 - 03h49

Torre em Santos não recomendava vôos no litoral na noite do acidente

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da Folha de S.Paulo
da Folha Vale

O tempo e as condições de visibilidade não eram adequados para vôos visuais no litoral de São Paulo no momento da queda do helicóptero do grupo Pão de Açúcar, na última sexta-feira. Em Maresias, região do acidente, também não existe infra-estrutura necessária para a operação da aeronave por instrumentos.

A constatação é baseada em dados meteorológicos dos órgãos de controle do tráfego aéreo em São José dos Campos e Santos, que são as referências mais próximas para os pilotos que querem sobrevoar Maresias. Nos dois municípios, a situação não era recomendada para vôos visuais.

Testemunhas ouvidas no local do acidente também apontam para essa tendência, já que falam de tempo chuvoso, escuro e com muito vento. O DAC (Departamento de Aviação Civil) ainda não confirma esse fator com um dos motivos para a queda do helicóptero. Diz apenas que, em Maresias, é impossível sobrevoar por instrumentos. Nesse tipo de vôo, os aparelhos instalados perto de um heliponto orientam os deslocamentos da aeronave.

Após a queda no mar, dois dos quatro tripulantes conseguiram nadar até a praia -o co-piloto Luís Roberto de Araújo Cintra, 35, e o empresário João Paulo Diniz, 37. O corpo do piloto Ronaldo Ribeiro, 47, foi encontrado anteontem nas proximidades de Maresias. A namorada de João Paulo, a modelo Fernanda Vogel, 20, continua desaparecida.

Cerca de cem pessoas acompanharam ontem de manhã missa em memória de Ribeiro. O corpo chegou ao cemitério de Vila Alpina, na zona leste, à 1h de ontem e será cremado apenas hoje.

As operações de resgate na praia de Maresias para encontrar a modelo foram prorrogadas por mais dez dias. O prazo inicial das buscas, de cinco dias, esgotou ontem.

O DAC investiga a possibilidade de Ribeiro não ter comunicado os órgãos de controle do tráfego sobre seus planos de vôo. Esse é um procedimento obrigatório, por meio do qual ele poderia solicitar informações meteorológicas.

O órgão identificou apenas um plano de vôo feito no Campo de Marte, em São Paulo, em que há informações de um deslocamento da aeronave até a avenida Brigadeiro Luís Antonio, onde fica um prédio do grupo Pão de Açúcar.

De lá ele poderia fazer um novo plano de vôo para Maresias, ou então, comunicar via rádio sobre essa intenção, mesmo após a decolagem. "Ainda não sabemos se ele avisou. Estamos checando, mas ainda não temos a confirmação", disse Marco Aurélio Sendin, coronel do Serac-4 (Serviço Regional de Aviação Civil), responsável pelas investigações do DAC.
Sendin afirmou que, mesmo havendo contato, a decisão de seguir vôo é exclusivamente do piloto. "É ele que avalia se quer voltar ou se dá para prosseguir".

Apesar de o co-piloto ter afirmado após a queda do helicóptero que suspeitava de pane mecânica, as investigações não indicam essa hipótese por enquanto. "Existem indícios de falha humana, mas também há diversas possibilidades. É muito cedo para dizer alguma conclusão".

Um dos fatores que podem confirmar as más condições de visibilidade em Maresias é a distância que a aeronave tinha do mar. Pelas normas de aviação, essa altura deve ser de, no mínimo, 150 metros. Especialistas avaliam que provavelmente ela estava com baixa altura. Do contrário, seria destruída ao cair na água, impossibilitando a sobrevivência dos passageiros e a sua permanência sobre a superfície durante dez minutos, antes de afundar.

O co-piloto Cintra já prestou depoimento ao DAC, mas não quis falar com a imprensa. Ele divulgou nota citando dois aspectos que favoreceram sua sobrevivência: a prática de esportes e por ter abandonado vícios como cigarro. O grupo Pão de Açúcar divulgou um comunicado dizendo que "a empresa adota como política seguir fielmente todas as normas de segurança operacional de vôo".

Pelo menos 30 pessoas devem ser ouvidas no inquérito aberto anteontem pela Polícia Civil de São Sebastião para apurar as responsabilidade pelo acidente. "Vamos investigar se houve culpa, negligência ou imperícia", disse Odair Bruzos, delegado responsável pelo inquérito.

Leia especial sobre o acidente com o helicóptero de João Paulo Diniz
 

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