Só o vento não explica acidentes com helicópteros, diz especialista

O acidente com os três helicópteros num intervalo próximo de duas horas ontem à tarde em São Paulo assustou vários pilotos, muitos dos quais foram alertados sobre as rajadas de vento num dia de grande movimento de aeronaves por conta da véspera do feriado.

"Com 30 anos de experiência, é a primeira vez que eu vejo três acidentes assim numa tarde", afirmou Hoel Carvalho, diretor de segurança de vôo da associação dos pilotos de helicóptero, para quem houve apenas "uma tremenda coincidência".

Almeida Rocha/Folha Imagem

Helicóptero com 4 ocupantes cai em Carapicuíba (Grande SP); dois morreram

"Os ventos fortíssimos provavelmente foram um fator contribuinte, mas não a causa principal", declarou ele.

O coronel Carlos Minelli de Sá, chefe do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Vôo), órgão ligado à Aeronáutica, fez uma avaliação semelhante. Ele disse que, por conta da temperatura elevada e da chegada de nuvens e de frente fria, houve fortes rajadas de vento, mas nada que pudesse ser tratado como uma anormalidade.

Segundo ele, não houve "nada excepcional" que suspendesse a movimentação de helicópteros na capital paulista. "O vento é um fator que contribui, mas não necessariamente determinante", disse Sá.

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) informou ontem que, na Grande São Paulo, em três pontos com registros, os ventos foram mais fortes no final da tarde, próximo ao Campo de Marte, na zona norte -eles atingiram patamares de mais de 85 km/h.

Stefan Jucewicz, autor do livro "Radar", disse que os acidentes provavelmente estão ligados a uma "tesoura de vento", fenômeno que não costuma ser detectado por boa parte dos radares em terra.

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