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03/08/2001 - 04h25

Piloto de Diniz estava "por conta e risco próprios"

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da Folha Vale
da Folha de S.Paulo

O piloto Ronaldo Jorge Ribeiro estava ""por conta e risco próprios" ao se aproximar de Maresias (litoral norte de SP) no helicóptero do grupo Pão de Açúcar, de acordo com o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.

Caso julgasse arriscado descer, por causa da forte chuva, deveria abortar a operação e deslocar-se para o local seguro mais próximo, no caso, a cidade de Santos.

Segundo a assessoria da Aeronáutica, Ribeiro poderia ter se informado sobre as condições do tempo no litoral paulista ainda no aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo, de onde ele decolou na sexta-feira por volta das 16h30.

Após uma parada no heliponto do grupo Pão de Açúcar, na avenida Brigadeiro Luiz Antonio, por volta das 17h30, seguiu para Maresias, onde o helicóptero ficou no centro de um ciclone. Ribeiro morreu no acidente.

Ventos
A passagem do ciclone pode ter provocado a queda do helicóptero, segundo o meteorologista do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) Fernando Lemos.

De acordo com ele, durante a ocorrência do fenômeno na última sexta-feira, os ventos atingiram até 25 km/h, o triplo da velocidade que normalmente é registrada na região.

A aeronave, segundo o co-piloto Luís Roberto de Araújo Cintra, 35, caiu no mar de ponta cabeça. Cintra e João Paulo Diniz conseguiram nadar 3 km até a praia. Um dia após a queda, segundo os bombeiros, a região registrou rajadas de vento de até 40 km/h.

Os efeitos da frente fria se estenderam da região central de São Paulo até a região sul do Rio de Janeiro, mas estavam mais intensos no litoral norte paulista, especificamente no oceano, local onde o ciclone foi formado.

O CPTEC prevê a ocorrência de frentes frias e, consequentemente, a formação de ciclones, com dois dias de antecedência. As previsões do centro estão disponíveis no site www.cptec.inpe.br.

Segundo o meteorologista Sérgio Calbete, os dados climáticos também são trocados com a Aeronáutica, que elabora uma previsão própria e as distribui para os aeroportos espalhados pelo país.

A partir dessa carta do tempo, disse Calbete, é que as rotas de vôos são elaboradas e os pilotos podem decidir se há condições ou não para as viagens.

"O aeroporto dá as orientações para os vôos, e o piloto sabe disso. Se mesmo assim ele decide prosseguir viagem, ele deve assumir os riscos", afirmou Calbete.

Lemos disse que os ventos e chuvas do ciclone com a intensidade observada na sexta-feira podem causar instabilidade e prejudicar os vôos de qualquer aeronave, principalmente de helicópteros, mas as condições são normalizadas após três horas.

"No momento do ciclone não há condições de vôo, mas se o piloto esperar as três horas, ele pode voar por cima das nuvens e não enfrentar dificuldades", disse.

O piloto Ribeiro não tinha como saber exatamente a situação do tempo em Maresias, durante o vôo até a praia, porque não existe estação meteorológica na região. Segundo a Aeronáutica, os dados sobre as condições climáticas são fornecidas, em geral, pela torre de controle de São Paulo.

Os pilotos podem ainda, de acordo com o DAC (Departamento de Aviação Civil), comunicar-se com qualquer torre próxima para obter informações meteorológicas. No caso, Santos ou São José dos Campos.

Em aeroportos com controle de vôo, por exemplo, há um novo boletim meteorológico a cada 30 minutos para guiar os pilotos que se aproximam. As informações são passadas via rádio.

O heliponto onde o helicóptero desceria é privado, homologado pelo DAC, mas não possui um centro de controle de vôo. Não há exigência disso na lei.

Laudo
O laudo da morte do piloto Ronaldo não conseguiu apontar o dia em que ele teria morrido.

Confirma apenas que a morte do piloto foi por afogamento, já que seu corpo não apresentava nenhum hematoma ou outro sinal que indicasse algum tipo de traumatismo.
(ALESSANDRO SILVA E KEILA RIBEIRO)
 

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