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07/08/2001 - 04h08

Versão do co-piloto sugere falha humana

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da Folha Vale

O co-piloto Luís Roberto de Araújo Cintra, 35, entrou em contradição nos depoimentos que deu à Polícia Militar e ao DAC (Departamento de Aviação Civil) sobre as causas da queda do helicóptero do grupo Pão de Açúcar na praia de Maresias (SP). A segunda versão, narrada ao DAC, aponta para falha humana.

As contradições se referem à possibilidade de falha mecânica no helicóptero Agusta, do empresário João Paulo Diniz, 37, vice-presidente do Pão de Açúcar.

Morreram no acidente a modelo Fernanda Vogel, 20, namorada de Diniz, e o piloto do helicóptero, Ronaldo Jorge Ribeiro, 47.
Para a Polícia Militar, Cintra afirmou, por volta das 20h30 de 27 de julho, logo após o acidente, que problemas mecânicos teriam causado a queda da aeronave.

A informação foi registrada pelo sargento da PM Mário Antonio dos Anjos, que tomou o depoimento do co-piloto momentos após o acidente.

Segundo a nova versão, usada nas investigações, a hipótese mais provável seria uma falha humana do piloto Ribeiro. Cintra disse ao DAC que o piloto pode ter descido abaixo do limite de segurança, ficando a menos de 90 metros da superfície do mar, e a aeronave ter sido surpreendida por uma rajada de vento forte ou onda muito alta. No dia, a região estava sob a ação de um ciclone, o que provocava ventos de 25 km/h a 40 km/h.

Esse relato praticamente afasta a possibilidade de falha mecânica, de acordo com o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão do DAC que vai elaborar o relatório final das investigações.

Segundo o chefe do Cenipa, o coronel Antonio Junqueira, a desmontagem das peças da aeronave, que está em Osasco, vai direcionar as investigações.

"Se a desmontagem não revelar traços de mau funcionamento, a hipótese de falha mecânica será totalmente descartada."

Mas o acidente, segundo Junqueira, pode não ter sido causado por um fato isolado. "Após a análise dos destroços, as informações serão confrontadas com as declarações do co-piloto, para chegarmos à causa mais provável."

"Será uma apuração muito rápida porque a aeronave não tinha caixa-preta, o que atrasaria a apuração, já que os fabricantes desse tipo de equipamento são, geralmente, dos EUA", disse. Além disso, segundo Junqueira, é preciso, "o quanto antes, saber o que aconteceu com a aeronave para evitarmos novos acidentes".

Desde o acidente, Cintra tem se negado a falar com a imprensa. Em nota oficial divulgada pelo grupo Pão de Açúcar na última quarta-feira, o co-piloto se limitou a falar sobre sua determinação e fé em Deus que, segundo ele, foram fatores determinantes para que conseguisse sobreviver.

Ontem, por telefone, a Folha procurou por Cintra em sua casa, mas, segundo informações de alguém que se identificou apenas como Maria, ele não estava nem tinha hora para retornar.

O proprietário do heliporto de Maresias, Celso Amaral, disse que, na mesma noite da queda do helicóptero, outra aeronave que pousou no local quase se envolveu em um acidente devido ao mau tempo. Amaral afirmou que, após as 20h do dia 27 passado, dois helicópteros chegaram a Maresias. Um deles quase derrubou a caixa-d'água do heliporto, que fica a cerca de 300 metros da praia.

O PP-MPA do Pão de Açúcar, que foi levado no domingo para a sede da Agusta, em Osasco (SP), está sendo desmontado para que seja investigada a causa da queda.

O DAC espera que a perícia seja concluída até amanhã. Caso haja indícios de falha mecânica, os destroços serão enviados ao Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos.

Ontem, cerca de 200 pessoas compareceram à igreja Nossa Senhora do Brasil (Jardins), a uma missa em memória de Fernanda Vogel. Entre elas, a mãe dela, Myriam Vogel, a família de João Paulo Diniz e amigas da modelo.


 

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