Publicidade
Publicidade
17/08/2001
-
04h27
ALESSANDRO SILVA
da Folha de S. Paulo
O empresário João Paulo Diniz, sobrevivente do acidente com helicóptero em Maresias, no litoral norte de São Paulo, disse ontem à polícia que enxergava, apesar da escuridão e do mau tempo, dois metros ao redor, enquanto tentava nadar ao lado de sua namorada, a modelo Fernanda Vogel, 20.
A declaração do vice-presidente do grupo Pão de Açúcar, 37, faz parte do inquérito policial que investiga as causas da queda da aeronave, se há responsáveis pelo acidente e se houve omissão de socorro -Fernanda e o piloto Ronaldo Jorge Ribeiro, 47, morreram. Diniz contou ter se perdido da modelo duas vezes enquanto ambos nadavam.
""Estou cansada." Essa foi a frase, repetida ontem à polícia, que o empresário ouviu da modelo na primeira vez que se perderam. Naquele dia, Maresias estava sob a ação de um ciclone, com ondas de até dois metros de altura.
"João" foi a última palavra que o empresário ouviu antes de perdê-la de vez. Juntos, disse ele, haviam feito três tentativas de nadar: primeiro, de mãos dadas; depois, separados e próximos; por fim, Diniz se distanciava e voltava, tentando motivá-la a nadar.
A modelo ainda seria encontrada pelo co-piloto, Luís Roberto de Araújo Cintra, 35, que vinha nadando atrás. Depois, desapareceria nas ondas pela última vez.
A versão de Diniz foi contada à polícia ontem sob forte aparato de segurança. Na 1ª Delegacia Seccional, no centro da capital, policiais impediram o acesso da imprensa ao interior do prédio, Diniz usou a garagem para não ter contato com o público e saiu escoltado por seus seguranças.
Segundo o promotor Fernando Cezar Bourgogne de Almeida, 27, designado para o caso, o depoimento foi importante porque os "fatos foram narrados na sequência em que ocorreram", mas não acrescentou informações sobre as causas do acidente. Hoje, a polícia irá ouvir o co-piloto de Diniz.
A Aeronáutica ainda não terminou as investigações. O primeiro laudo, sobre o motor, descartou a existência de falhas nas duas turbinas que sustentavam o helicóptero. Os técnicos do DAC (Departamento de Aviação Civil) apuram falha humana e as condições do tempo na região como sendo as prováveis causas do acidente.
O empresário ainda não voltou a trabalhar normalmente. Tem passado, de vez em quando, meio período no escritório do grupo.
Segundo o depoimento, ele não falou com o piloto durante o vôo nem percebeu se havia turbulência. A polícia queria saber se ele poderia ter forçado ou não o vôo apesar do mau tempo. O Grupo Pão de Açúcar informou que os pilotos da empresa fazem esse julgamento durante as viagens.
Diniz afirmou que fazia o percurso Maresias-São Paulo todo o final de semana, por isso não se importou em olhar o tempo pela janela. O mistério do caso é saber se havia condições ou não de vôo. O co-piloto disse que sim. A Aeronáutica não se pronunciou.
A queda foi rápida. A água entrou de uma vez. Todos foram para a superfície e viram o helicóptero afundar. Diniz negou ter cronometrado o tempo que nadou.
Disse que procurou Fernanda, nadando em círculos no mar. Gritou o nome dela, o do co-piloto e o do piloto. Sem resposta, disse, decidiu nadar em direção à praia.
João Paulo Diniz conta que visibilidade era de 2 metros
Publicidade
da Folha de S. Paulo
O empresário João Paulo Diniz, sobrevivente do acidente com helicóptero em Maresias, no litoral norte de São Paulo, disse ontem à polícia que enxergava, apesar da escuridão e do mau tempo, dois metros ao redor, enquanto tentava nadar ao lado de sua namorada, a modelo Fernanda Vogel, 20.
A declaração do vice-presidente do grupo Pão de Açúcar, 37, faz parte do inquérito policial que investiga as causas da queda da aeronave, se há responsáveis pelo acidente e se houve omissão de socorro -Fernanda e o piloto Ronaldo Jorge Ribeiro, 47, morreram. Diniz contou ter se perdido da modelo duas vezes enquanto ambos nadavam.
""Estou cansada." Essa foi a frase, repetida ontem à polícia, que o empresário ouviu da modelo na primeira vez que se perderam. Naquele dia, Maresias estava sob a ação de um ciclone, com ondas de até dois metros de altura.
"João" foi a última palavra que o empresário ouviu antes de perdê-la de vez. Juntos, disse ele, haviam feito três tentativas de nadar: primeiro, de mãos dadas; depois, separados e próximos; por fim, Diniz se distanciava e voltava, tentando motivá-la a nadar.
A modelo ainda seria encontrada pelo co-piloto, Luís Roberto de Araújo Cintra, 35, que vinha nadando atrás. Depois, desapareceria nas ondas pela última vez.
A versão de Diniz foi contada à polícia ontem sob forte aparato de segurança. Na 1ª Delegacia Seccional, no centro da capital, policiais impediram o acesso da imprensa ao interior do prédio, Diniz usou a garagem para não ter contato com o público e saiu escoltado por seus seguranças.
Segundo o promotor Fernando Cezar Bourgogne de Almeida, 27, designado para o caso, o depoimento foi importante porque os "fatos foram narrados na sequência em que ocorreram", mas não acrescentou informações sobre as causas do acidente. Hoje, a polícia irá ouvir o co-piloto de Diniz.
A Aeronáutica ainda não terminou as investigações. O primeiro laudo, sobre o motor, descartou a existência de falhas nas duas turbinas que sustentavam o helicóptero. Os técnicos do DAC (Departamento de Aviação Civil) apuram falha humana e as condições do tempo na região como sendo as prováveis causas do acidente.
O empresário ainda não voltou a trabalhar normalmente. Tem passado, de vez em quando, meio período no escritório do grupo.
Segundo o depoimento, ele não falou com o piloto durante o vôo nem percebeu se havia turbulência. A polícia queria saber se ele poderia ter forçado ou não o vôo apesar do mau tempo. O Grupo Pão de Açúcar informou que os pilotos da empresa fazem esse julgamento durante as viagens.
Diniz afirmou que fazia o percurso Maresias-São Paulo todo o final de semana, por isso não se importou em olhar o tempo pela janela. O mistério do caso é saber se havia condições ou não de vôo. O co-piloto disse que sim. A Aeronáutica não se pronunciou.
A queda foi rápida. A água entrou de uma vez. Todos foram para a superfície e viram o helicóptero afundar. Diniz negou ter cronometrado o tempo que nadou.
Disse que procurou Fernanda, nadando em círculos no mar. Gritou o nome dela, o do co-piloto e o do piloto. Sem resposta, disse, decidiu nadar em direção à praia.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice