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31/08/2001 - 03h43

Fernando estar vivo é vitória, diz pai

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da Folha de S. Paulo

"Ele é um vitorioso." Assim o motorista Antonio Sebastião Pinto definiu ontem à tarde o filho Fernando Dutra Pinto, que manteve Silvio Santos como refém por mais de sete horas. Falando baixo, mas sem demonstrar hesitação, o motorista enxergava vitória no fato de o sequestrador escapar com vida "de um inferno".

Via também as mãos de Deus em todos os passos que Fernando trilhou desde a libertação de Patrícia Abravanel. Sustentava que a providência divina levou o filho de volta à casa de Silvio Santos. "Se não tivesse ido até lá, Fernando estaria morto agora."

Antonio ficou quatro horas esperando no quarto do apresentador para falar com o filho.

Evangélico, o motorista mora em um sobrado na Vila Progresso (zona leste de SP) com a mulher, outros cinco filhos e uma neta.

"Seu Silvio fez o que pôde para ajudar Fernando", disse. O motorista contou que, tão logo as negociações acabaram, o dono do SBT o cumprimentou: "Você tem um ótimo filho. Um grande menino".

Descoberta
"Nunca desconfiei de nada", repetia o motorista sempre que lhe perguntavam se sabia das intenções do filho. "Descobri pela TV."

O pai, que era motorista de uma família nos Jardins- ele pediu demissão-, foi trabalhar normalmente ontem. Por volta das 8h10, ouviu no rádio do carro que um homem havia invadido a casa do apresentador e que poderia ser Fernando. Em seguida, o motorista recebeu telefonemas da família, que avisava que a polícia estava em sua casa querendo levar parentes para a casa do apresentador. A filha Lilia seguiu de helicóptero.

Antonio chegou de táxi sozinho por volta de 10h30. Mostrou a identidade e rapidamente ultrapassou o cordão de isolamento sem ser percebido.
Na casa, o motorista disse que esperava "para dar uma palavra de conforto" ao filho.

No início da tarde, Antonio e a filha foram convidados a deixar o quarto. Seguiram para uma varanda. Quando retornou, Fernando estava sentado, se trocando. O pai acha que o filho ganhou roupas do apresentador.

"Abracei e chorei. Foi tudo muito rápido, nem três minutos, os soldados estavam com pressa." Fernando tinha faixas nos pés e nas mãos. "Ele pediu perdão pela decepção que nos causou. Eu o perdoei", disse Antonio.

Segundo ele, o filho frequentou a Assembléia de Deus até os 15 anos, depois disso, passou a portar armas e "tudo começou a piorar". "Sempre dei conselhos e dizia que era muito perigo. No começo usava [calibre" 22, 38. Havia três meses estava com armas mais pesadas", disse o motorista.

"Ele fez tudo para se tornar advogado. Formou-se em uma escola pública, fez cursinho neste ano, mas não deu certo."

Para o pai, o filho aprendeu a atirar assistindo filmes violentos. De acordo com Antonio, Fernando não fez serviço militar. "Eram os filmes favoritos dele. Foi aprendendo tudo. Da mente dele, nada", disse o pai de Fernando.

Antonio deixou o emprego. Afirma que já vinha acertando sua saída e que fez um acordo com o patrão. Quer agora abrir um negócio próprio.
Sobre Esdras, o outro filho que participou do sequestro, Antonio discorreu pouco. "É quieto, pacato. O inverso do Fernando, que tem visão maior das coisas."

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