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31/08/2001
-
03h47
ARMANDO ANTENORE
da Folha de S. Paulo
Vizinhos dos irmãos Fernando e Esdras Dutra Pinto repetiam ontem discurso parecido com o que Patrícia Abravanel fez há três dias, depois de libertada. Eufórica, a filha de Silvio Santos mostrou simpatia pelos sequestradores e relacionou o drama que enfrentara às desigualdades sociais do país.
Os moradores da Vila Progresso, na zona leste, também associaram o episódio às diferenças entre ricos e pobres. "O que significam R$ 500 mil para Silvio Santos?", indagava a dona-de-casa Edna, 27, que não quis revelar o sobrenome. Referia-se à soma que os sequestradores teriam exigido do apresentador.
"Nada. R$ 500 mil não é nada para o Silvio. Toda semana, o homem distribui quase isso no "Show do Milhão'", concordava outra dona-de-casa, Maria Isabel Amorim, 20. Ela atribuiu certo heroísmo à atitude dos irmãos. "São corajosos. Mais ou menos heróis."
Uma amiga de Maria -que preferiu se manter anônima- explicou melhor: "Não apóio Fernando e Esdras. Mas não posso achar que cometeram um grande erro. Os dois pegaram a filha de um milionário, um sujeito que brinca com dinheiro. Já viu o Silvio transformar nota de R$ 50 em aviãozinho? Então... Sequestraram sem desejo de maltratar ninguém. Só pensavam em tirar dos ricos. Pior seria se roubassem um aposentado".
Para provar "a boa índole" dos irmãos, as três mulheres citavam declarações da própria Patrícia. "A moça não contou que ganhou pipoca no cativeiro?", lembrava Edna. "Pipoca, gente! Sabe quando nós comemos pipoca por aqui? De vez em nunca."
A Vila Progresso é um típico bairro da periferia paulistana. Jovens desempregados jogam bola pelas ruas, ouvem rap e andam de skate. Muros exibem máximas evangélicas. E as moradias, simples, alternam-se com botecos.
Fernando e Esdras viviam desde junho ali, em uma casinha alugada, branca e azul, de quatro cômodos. Nos fundos do terreno, uma edícula igualmente modesta abrigava mais um dos sequestradores, Marcelo Batista dos Santos, o Pirata.
Poucos quarteirões adiante, encontra-se o sobrado amarelo do motorista particular Antonio Sebastião Pinto, pai de Fernando e Esdras. A residência destoa do entorno por ser maior e bem-acabada.
O motorista -relatam os vizinhos- se mudou para o imóvel há "uns três meses". Comprou-o de uma advogada e um médico. Pagou algo entre R$ 60 mil e R$ 90 mil.
Nos arredores, ninguém dispõe de muitas informações sobre Antonio Pinto e os filhos. Todos, porém, definem a família como "sossegada" e se declaram surpresos com o que aconteceu. Um ou outro rejeita a tese de heroísmo. Dizem: "Heróis somos nós, que seguramos a onda sem derrapar".
Leia mais notícias sobre Silvio Santos
Ação dos sequestradores desperta a simpatia de vizinhos
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da Folha de S. Paulo
Vizinhos dos irmãos Fernando e Esdras Dutra Pinto repetiam ontem discurso parecido com o que Patrícia Abravanel fez há três dias, depois de libertada. Eufórica, a filha de Silvio Santos mostrou simpatia pelos sequestradores e relacionou o drama que enfrentara às desigualdades sociais do país.
Os moradores da Vila Progresso, na zona leste, também associaram o episódio às diferenças entre ricos e pobres. "O que significam R$ 500 mil para Silvio Santos?", indagava a dona-de-casa Edna, 27, que não quis revelar o sobrenome. Referia-se à soma que os sequestradores teriam exigido do apresentador.
"Nada. R$ 500 mil não é nada para o Silvio. Toda semana, o homem distribui quase isso no "Show do Milhão'", concordava outra dona-de-casa, Maria Isabel Amorim, 20. Ela atribuiu certo heroísmo à atitude dos irmãos. "São corajosos. Mais ou menos heróis."
Uma amiga de Maria -que preferiu se manter anônima- explicou melhor: "Não apóio Fernando e Esdras. Mas não posso achar que cometeram um grande erro. Os dois pegaram a filha de um milionário, um sujeito que brinca com dinheiro. Já viu o Silvio transformar nota de R$ 50 em aviãozinho? Então... Sequestraram sem desejo de maltratar ninguém. Só pensavam em tirar dos ricos. Pior seria se roubassem um aposentado".
Para provar "a boa índole" dos irmãos, as três mulheres citavam declarações da própria Patrícia. "A moça não contou que ganhou pipoca no cativeiro?", lembrava Edna. "Pipoca, gente! Sabe quando nós comemos pipoca por aqui? De vez em nunca."
A Vila Progresso é um típico bairro da periferia paulistana. Jovens desempregados jogam bola pelas ruas, ouvem rap e andam de skate. Muros exibem máximas evangélicas. E as moradias, simples, alternam-se com botecos.
Fernando e Esdras viviam desde junho ali, em uma casinha alugada, branca e azul, de quatro cômodos. Nos fundos do terreno, uma edícula igualmente modesta abrigava mais um dos sequestradores, Marcelo Batista dos Santos, o Pirata.
Poucos quarteirões adiante, encontra-se o sobrado amarelo do motorista particular Antonio Sebastião Pinto, pai de Fernando e Esdras. A residência destoa do entorno por ser maior e bem-acabada.
O motorista -relatam os vizinhos- se mudou para o imóvel há "uns três meses". Comprou-o de uma advogada e um médico. Pagou algo entre R$ 60 mil e R$ 90 mil.
Nos arredores, ninguém dispõe de muitas informações sobre Antonio Pinto e os filhos. Todos, porém, definem a família como "sossegada" e se declaram surpresos com o que aconteceu. Um ou outro rejeita a tese de heroísmo. Dizem: "Heróis somos nós, que seguramos a onda sem derrapar".
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