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31/08/2001
-
03h49
GABRIELA ATHIAS
da Folha de S. Paulo
Por que Fernando Dutra Pinto decidiu abrigar-se na casa de Silvio Santos, apenas 48 horas depois de ter sido identificado pela polícia como o mentor da sequestro de Patrícia Abravanel, filha do apresentador? Especialistas ouvidos pela Folha dizem que ele pode ter sido "atraído" pelo discurso emotivo que a garota fez sobre os criminosos ao ser libertada.
Durante conversa com jornalistas, depois de libertada, Patrícia afirmou ter perdoado os sequestradores. A garota disse que os criminosos reconheceram que seu "Deus é poderoso" e que se "arrependeram" de tê-la sequestrado. Um deles escreveu na sua Bíblia que Patrícia "é a melhor pessoa do mundo".
"A Patrícia abriu [simbolicamente] a porta para o retorno do Fernando", diz a psicanalista Lia Lage. Para ela, é como se o sequestrador tivesse entendido, ao ouvi-la, que ela o ajudaria. "Essa menina tem força", conclui.
Adelaide de Freitas Caires, do Instituto de Psiquiatria Forense do Hospital das Clínicas (autora do laudo de Francisco de Assis Pereira, o maníaco do parque), concorda que Patrícia tenha acolhido o sequestrador. "Ela o abraçou do ponto de vista simbólico e humanitário", afirma.
Para Adelaide, o fato de Fernando ter sido receptivo à ajuda oferecida por Patrícia mostra que ele seria um indivíduo com possibilidades de tratamento.
"Os apelos dela [Patrícia" no cativeiro poderiam ter sido ingredientes para torturas mais sutis", diz Adelaide. Ou seja: Fernando poderia ter se aproveitado das pregações religiosas da garota para lhe impor ainda mais angústia e humilhação.
Edgar de Barros, do HC, diz que é muito difícil traçar um perfil de Fernando sem tê-lo examinado ou mesmo sem que ele tenha se pronunciado publicamente.
Barros e Guido Palomba, autor de mais de 10 mil laudos psicológicos de criminosos, dizem, baseados nas ações de Fernando, que ele apresenta a mesma "audácia" de Leonardo Pareja, o assaltante que, em 1995, manteve uma menina de 13 anos como refém por três dias e conseguiu fugir da polícia de três Estados.
Palomba diz que sequestradores são "algozes terríveis" em razão do sofrimento a que submetem vítimas e familiares.
Para ele, Fernando (a exemplo de outros sequestradores) tem afetividade centrada em si mesmo. "Ele não teria voltado à casa de Silvio Santos se não estivesse sendo ameaçado. Essas pessoas não tem sentimentos humanitários", diz ele.
Para Barros, Fernando é o que se chama de "criminoso eventual" -alguém que passou a maior parte da vida respeitando as regras do convívio social e que um dia comete um ato extremo de violência. "A ciência ainda não tem a cura para isso porque é muito difícil de saber quando essas pessoas vão agir."
Leia mais notícias sobre Silvio Santos
"Perdão" pode ter atraído sequestrador
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da Folha de S. Paulo
Por que Fernando Dutra Pinto decidiu abrigar-se na casa de Silvio Santos, apenas 48 horas depois de ter sido identificado pela polícia como o mentor da sequestro de Patrícia Abravanel, filha do apresentador? Especialistas ouvidos pela Folha dizem que ele pode ter sido "atraído" pelo discurso emotivo que a garota fez sobre os criminosos ao ser libertada.
Durante conversa com jornalistas, depois de libertada, Patrícia afirmou ter perdoado os sequestradores. A garota disse que os criminosos reconheceram que seu "Deus é poderoso" e que se "arrependeram" de tê-la sequestrado. Um deles escreveu na sua Bíblia que Patrícia "é a melhor pessoa do mundo".
"A Patrícia abriu [simbolicamente] a porta para o retorno do Fernando", diz a psicanalista Lia Lage. Para ela, é como se o sequestrador tivesse entendido, ao ouvi-la, que ela o ajudaria. "Essa menina tem força", conclui.
Adelaide de Freitas Caires, do Instituto de Psiquiatria Forense do Hospital das Clínicas (autora do laudo de Francisco de Assis Pereira, o maníaco do parque), concorda que Patrícia tenha acolhido o sequestrador. "Ela o abraçou do ponto de vista simbólico e humanitário", afirma.
Para Adelaide, o fato de Fernando ter sido receptivo à ajuda oferecida por Patrícia mostra que ele seria um indivíduo com possibilidades de tratamento.
"Os apelos dela [Patrícia" no cativeiro poderiam ter sido ingredientes para torturas mais sutis", diz Adelaide. Ou seja: Fernando poderia ter se aproveitado das pregações religiosas da garota para lhe impor ainda mais angústia e humilhação.
Edgar de Barros, do HC, diz que é muito difícil traçar um perfil de Fernando sem tê-lo examinado ou mesmo sem que ele tenha se pronunciado publicamente.
Barros e Guido Palomba, autor de mais de 10 mil laudos psicológicos de criminosos, dizem, baseados nas ações de Fernando, que ele apresenta a mesma "audácia" de Leonardo Pareja, o assaltante que, em 1995, manteve uma menina de 13 anos como refém por três dias e conseguiu fugir da polícia de três Estados.
Palomba diz que sequestradores são "algozes terríveis" em razão do sofrimento a que submetem vítimas e familiares.
Para ele, Fernando (a exemplo de outros sequestradores) tem afetividade centrada em si mesmo. "Ele não teria voltado à casa de Silvio Santos se não estivesse sendo ameaçado. Essas pessoas não tem sentimentos humanitários", diz ele.
Para Barros, Fernando é o que se chama de "criminoso eventual" -alguém que passou a maior parte da vida respeitando as regras do convívio social e que um dia comete um ato extremo de violência. "A ciência ainda não tem a cura para isso porque é muito difícil de saber quando essas pessoas vão agir."
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