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31/08/2001 - 03h56

Participação de Geraldo Alckmin é criticada por especialistas

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da Folha de S. Paulo
e da Folha de S. Paulo, no Rio

Especialistas criticaram o processo de negociação da polícia com o sequestrador Fernando Dutra Pinto. Ouvidos pela Folha, eles afirmam que a negociação não deveria ter sido conduzida pelo comandante-geral da PM nem por outras autoridades.

José Vicente da Silva, coordenador de segurança do Instituto Fernand Braudel, afirmou ontem que a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do comandante da PM na casa do apresentador Silvio Santos não foi decisiva na resolução do caso e só aumentou o risco na negociação.

"A presença de altas autoridades é uma coisa descabida. Desmoraliza o policial que está negociando e atrapalha as negociações e o trabalho tático", afirmou. Para ele, são os policiais especialistas que devem controlar a situação. "Com as autoridades ali, os especialistas perdem a autonomia e o risco aumenta."

Para ele, a presença de Alckmin e do comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Rui Cesar Melo, aumentou os riscos da operação porque expôs, além da vítima, as altas autoridades, que poderiam ser atingidas em uma possível tiroteio, por exemplo.

José Vicente também afirmou que a intervenção de Alckmin criou um precedente perigoso. "Agora, outros sequestradores podem se achar no direito de fazer a mesma coisa", disse.

Segundo o instrutor de ações táticas Lincoln Tendler, que fez curso na Swat, o governador jamais deveria ter ido ao local. "Ele é a última instância. Se ele disser não posso, pode criar um impasse. Tem que haver sempre alguém para quem pedir [acima do negociador], disse.

Para o especialista em segurança pessoal e empresarial Hekel Raposo, 70, a presença de autoridades, como o governador ou o secretário da Segurança Pública, é um recurso extremo em casos de sequestro, pois pode comprometer o sucesso do resgate se houver necessidade de uma ação de emergência.

"Foi sorte não ter acontecido nada mais grave. Uma autoridade no local só em último caso, quando as negociações estão esgotadas", afirmou.

Raposo é vice-presidente do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio e coordenador do curso de Gestão de Segurança da Universidade Estácio de Sá, no Rio. Ele também criticou a ausência de policiamento preventivo na casa de Silvio Santos.

"Como o sequestrador não tinha sido preso, é óbvio que você deveria continuar acautelando a segurança da família. Inclusive houve um telefonema do sequestrador para o próprio Silvio Santos, dizendo que estava sendo acuado. É mais uma razão para que a segurança da família fosse reforçada", disse.

Raposo também criticou a presença do governador e outras autoridades no local do sequestro.

"É um último recurso. Se houvesse alguma reação inesperada do sequestrador, a ação da polícia seria altamente prejudicada. Com a presença do governador, do secretário da Segurança, do comandante da Polícia Militar, todos ficam vulneráveis. Isso tem de ser feito em último recurso, e pode ter sido o caso, mas é um risco muito grande.

Para o sequestrador, não vai fazer diferença se matou dois ou dez, ele vai cumprir 30 anos do mesmo jeito. Foi sorte não ter acontecido nada mais grave", disse.

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