Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/09/2001 - 03h14

Fernando deu gorjeta de R$ 50 a um vendedor

Publicidade

CYNARA MENEZES
da Folha de S. Paulo

"Ele tirava nota por nota do bolso, tipo o Silvio Santos no "Topa Tudo por Dinheiro", sabe?", disse a caixa Selma Brandão, da loja SN, no Shopping West Plaza, onde o sequestrador do empresário, Fernando Dutra Pinto, fazia compras pouco tempo depois de ter estado Shopping Center Alphaville, no condomínio de mesmo nome, na Grande São Paulo.

Fernando já estava com os cabelos tingidos de louro e usava lentes de contato esverdeadas quando passou em quatro lojas do shopping, gastando no total cerca de R$ 1.500.

"Acho que ele tingiu o cabelo aqui mesmo, no banheiro, porque estava com o paletó e as orelhas manchadas", disse o vendedor Nivan Oliveira, 30, da loja de sapatos Showbiz, a primeira em que ele entrou, por volta das 15h30.

Ali, Fernando gastou R$ 180 em um par de sapatos pretos com cadarço, que saiu usando, um par de tênis, dez pares de meias e dois cintos. Pagou em dinheiro, em notas de R$ 50, e perguntou onde poderia comprar roupas "sociais". O vendedor indicou a loja Colombo, no primeiro piso do bloco ao lado.

Antes de passar pela Colombo, Fernando, que estava sozinho, olhou a vitrine da loja Akkar House e viu uma jaqueta vinho forrada de azul. Pediu para prová-la. "Me chama de "nego'" -respondeu, no provador, à habitual pergunta feita pelos vendedores aos clientes: "Qual é o seu nome?"

Foi só a maneira como pediu para ser tratado que causou estranheza ao vendedor Vanderlei (não quis dizer o sobrenome), 26. "Jamais imaginaria que fosse um criminoso", disse. "Só fui saber no outro dia, quando o gerente viu a foto da jaqueta no jornal." Fernando também levou uma calça preta, que trocou pela que usava.

Em seguida, parou para ver outra jaqueta, cinza, na SN. Dentro, os vendedores brincavam entre si: "Olha o Biro-Biro", por causa da cor dos cabelos tingidos, parecidos com o do famoso ex-jogador do Corinthians.
Fernando comprou a jaqueta, duas camisetas de malha e quatro cuecas. "Ele chegou a pedir desconto, e o gerente tirou 5% do total da compra", disse a caixa Selma.

Fernando queria comprar um jaquetão de quatro botões, no estilo tornado célebre pelo ex-presidente José Sarney. Foi perguntando por esse tipo de terno que, finalmente, entrou na Colombo, loja especializada em roupas clássicas.

Levava, de acordo com os funcionários da loja, bolos de notas espalhados pelos bolsos do paletó manchado de tinta. Entre si, os vendedores comentavam: "Deve ter atacado alguém no caixa eletrônico". No trato, porém, acharam que era "muito gente boa".

O vendedor Hermógenes Capiotto, 20, disse que não tinha o tal jaquetão à Sarney. "Isso já está meio fora de moda", disse ele, mostrando para Fernando um terno em microfibra verde, que acabou sendo comprado.

"Ele só ia levar esse, mas eu fui empurrando", contou o vendedor. Fernando acabou convencido a levar ainda um terno preto, no valor de R$ 199, quatro gravatas, três camisas e um par de sapatos marrom, todos fabricados na Itália.

Novamente, pagou a fatura, de R$ 890, em notas de R$ 50. Pediu a Hermógenes que o ajudasse com as sacolas, e, dessa vez, em vez de pedir desconto, foi generoso: deu ao vendedor uma de suas notas de R$ 50, "para um café". Em seguida, entrou no táxi e foi embora.

Leia mais notícias sobre Silvio Santos
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página