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01/09/2001
-
03h25
SÍLVIA CORRÊA
da Folha de S. Paulo
Pelo menos duas atitudes tomadas pelo empresário e apresentador Silvio Santos, 70, durante as sete horas em que foi refém em sua casa tinham por objetivo proteger a vida do sequestrador Fernando Dutra Pinto, 22.
Os detalhes do que se passou dentro da cozinha foram fornecidos à Folha por policiais e assessores de Silvio Santos, que ouviram a narrativa do empresário.
A primeira dessas atitudes foi abraçar Fernando, nas primeiras horas da manhã, ao ver, pela janela da cozinha, um policial armado no muro que marca a divisão entre o seu terreno e a casa vizinha.
Silvio, relatam os assessores, achou que Fernando estava na linha de tiro e temeu que o policial disparasse. Chegou a fazer indicações negativas com as mãos, já abraçado ao sequestrador.
Nenhum tiro foi dado, mas, depois disso, a janela foi fechada.
O segundo momento em que Silvio Santos teria agido para preservar a vida de Fernando -e, nesse, também sua própria vida- foi quando insistiu em pedir a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo os assessores do empresário, o sequestrador, no começo da ação, ameaçava se matar e "levar quem fosse preciso", pois acreditava que seria morto pelos policiais. Com garantia de vida, mudaria de idéia. Mas a garantia teria de vir de Alckmin.
Silvio, então, comprometeu-se a exigir a presença do governador. "Coronel, por favor, chame o governador. A gente não vai sair nunca daqui", repetia Silvio Santos ao comandante-geral da PM paulista, coronel Rui César Melo.
"Não tem acerto, não tem acerto", emendava Fernando, em tom mais baixo.
Para Melo, se Alckmin não tivesse ido à casa, o caso poderia ter virado a noite. O comandante ligou para o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, e passou o celular ao apresentador por uma fresta da porta da cozinha. Alckmin chegou ao local em poucos minutos.
"Ele está com a arma na minha cabeça. Não vai fazer nada, que eu vou morrer", disse Silvio ao receber o celular do comandante, segundo o tenente Marcos Henrique da Silva, 32, o primeiro negociador do caso.
Seria apenas o pedido de um refém apavorado, se não fosse por um detalhe: segundo os assessores de Silvio Santos, nesse momento o sequestrador já havia largado as armas e, acreditando no empresário, já não o ameaçava.
Silvio, porém, não informou à polícia que o rapaz estava sem a pistola e o revólver que carregava -o que poderia culminar com uma invasão e com a morte de Fernando. Acreditava, segundo o relato dos assessores, que a polícia desistiria de chamar Alckmin.
Se Alckmin não aparecesse, Fernando repetia, ele se mataria e atiraria. A versão dos assessores encontra respaldo na fala do próprio apresentador, em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan.
"Se o governador não fosse ontem [anteontem] até a minha casa -tenho certeza, não é um palpite-, eu poderia morrer, Fernando certamente morreria e mataria três ou quatro policiais."
A relação que Fernando e Silvio Santos estabeleceram durante as sete horas da ação foi cordial, segundo os assessores do apresentador e a própria polícia.
Teve momento de tensão -sobretudo quando o negociador foi trocado e quando Fernando tentou mudar de cômodo- e de calmaria, como nas conversas e durante o café que tomaram juntos.
"Ele [Silvio] não parou de falar. Contou toda a vida dele para o Fernando. Contou de quando era camelô e de como são gravados os programas do SBT", disse o coronel Melo, que ficou a um metro da porta da cozinha durante a ação.
De acordo com o coronel, as negociações muitas vezes interromperam a conversa dos dois.
Leia mais notícias sobre Silvio Santos
Silvio protegeu a vida do sequestrador
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da Folha de S. Paulo
Pelo menos duas atitudes tomadas pelo empresário e apresentador Silvio Santos, 70, durante as sete horas em que foi refém em sua casa tinham por objetivo proteger a vida do sequestrador Fernando Dutra Pinto, 22.
Os detalhes do que se passou dentro da cozinha foram fornecidos à Folha por policiais e assessores de Silvio Santos, que ouviram a narrativa do empresário.
A primeira dessas atitudes foi abraçar Fernando, nas primeiras horas da manhã, ao ver, pela janela da cozinha, um policial armado no muro que marca a divisão entre o seu terreno e a casa vizinha.
Silvio, relatam os assessores, achou que Fernando estava na linha de tiro e temeu que o policial disparasse. Chegou a fazer indicações negativas com as mãos, já abraçado ao sequestrador.
Nenhum tiro foi dado, mas, depois disso, a janela foi fechada.
O segundo momento em que Silvio Santos teria agido para preservar a vida de Fernando -e, nesse, também sua própria vida- foi quando insistiu em pedir a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo os assessores do empresário, o sequestrador, no começo da ação, ameaçava se matar e "levar quem fosse preciso", pois acreditava que seria morto pelos policiais. Com garantia de vida, mudaria de idéia. Mas a garantia teria de vir de Alckmin.
Silvio, então, comprometeu-se a exigir a presença do governador. "Coronel, por favor, chame o governador. A gente não vai sair nunca daqui", repetia Silvio Santos ao comandante-geral da PM paulista, coronel Rui César Melo.
"Não tem acerto, não tem acerto", emendava Fernando, em tom mais baixo.
Para Melo, se Alckmin não tivesse ido à casa, o caso poderia ter virado a noite. O comandante ligou para o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, e passou o celular ao apresentador por uma fresta da porta da cozinha. Alckmin chegou ao local em poucos minutos.
"Ele está com a arma na minha cabeça. Não vai fazer nada, que eu vou morrer", disse Silvio ao receber o celular do comandante, segundo o tenente Marcos Henrique da Silva, 32, o primeiro negociador do caso.
Seria apenas o pedido de um refém apavorado, se não fosse por um detalhe: segundo os assessores de Silvio Santos, nesse momento o sequestrador já havia largado as armas e, acreditando no empresário, já não o ameaçava.
Silvio, porém, não informou à polícia que o rapaz estava sem a pistola e o revólver que carregava -o que poderia culminar com uma invasão e com a morte de Fernando. Acreditava, segundo o relato dos assessores, que a polícia desistiria de chamar Alckmin.
Se Alckmin não aparecesse, Fernando repetia, ele se mataria e atiraria. A versão dos assessores encontra respaldo na fala do próprio apresentador, em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan.
"Se o governador não fosse ontem [anteontem] até a minha casa -tenho certeza, não é um palpite-, eu poderia morrer, Fernando certamente morreria e mataria três ou quatro policiais."
A relação que Fernando e Silvio Santos estabeleceram durante as sete horas da ação foi cordial, segundo os assessores do apresentador e a própria polícia.
Teve momento de tensão -sobretudo quando o negociador foi trocado e quando Fernando tentou mudar de cômodo- e de calmaria, como nas conversas e durante o café que tomaram juntos.
"Ele [Silvio] não parou de falar. Contou toda a vida dele para o Fernando. Contou de quando era camelô e de como são gravados os programas do SBT", disse o coronel Melo, que ficou a um metro da porta da cozinha durante a ação.
De acordo com o coronel, as negociações muitas vezes interromperam a conversa dos dois.
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