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06/09/2001
-
03h21
LUIZ FRANCISCO
MANUELA MARTINEZ
da Agência Folha, em Salvador
Um dia depois de se apresentar à polícia de Bom Jesus da Lapa (BA), Luciana dos Santos Souza, 24, a "Jenifer", disse ontem que espera que a estudante Patrícia Abravanel, 24, confirme que não foi maltratada no cativeiro.
"Se ela [Patrícia Abravanel] tiver condições de me ouvir, eu só quero que ela confirme parte das coisas que falei, as coisas que um dia ela me disse. Uma precisava da outra. Ela tem bronquite. Então, nós compramos uma bombinha que ela pediu. Demos também Maracujina para ela ficar calma. A todo momento eu dizia: "Princesa, você vai sair dessa, com resgate ou sem resgate"."
Com uma Bíblia e um CD evangélico nas mãos, Luciana -namorada de Fernando Dutra Pinto, 22, líder do grupo que invadiu a casa do empresário Silvio Santos, 70, no Morumbi- alternou momentos de calma com outros de aflição em sua entrevista.
Ela disse que os sequestradores não pretendiam ficar com o dinheiro do resgate. "Vocês [jornalistas] podem perguntar para a Patrícia. A gente ia usar o dinheiro do resgate [R$ 500 mil] para comprar cestas básicas e distribuir em uma favela de São Paulo."
Luciana disse que conheceu o namorado em abril. "Eu não sabia que ele estava envolvido com crimes. Ele sempre ajudou os pobres." Ela desembarcou em Salvador às 8h35.
Responsável por vigiar Patrícia no cativeiro, "Jenifer" confirmou a sua participação no sequestro. De acordo com a polícia de Salvador, ela entrou em contradição em seu depoimento. "Primeiro, ela disse que entrou no sequestro apenas no segundo dia. Mais tarde, afirmou que ela e Fernando alugaram a casa no Morumbi com um mês de antecedência", disse o delegado Flávio Dias Neto.
À polícia, Luciana reafirmou que saiu de São Paulo no mesmo dia em que seu namorado matou dois policiais civis em um flat de Barueri, na Grande São Paulo.
Luciana disse que a religião e a família fizeram com que ela escolhesse Bom Jesus da Lapa (777 km de Salvador) para se entregar. "Tenho alguns parentes na cidade e meu sonho era conhecer a capela que existe em uma gruta."
Ela disse ter percebido que a polícia tinha identificado o grupo ao ligar para Esdras, irmão de Fernando. "Eu telefonei para o celular dele. Um policial atendeu e disse: "É a "Jenifer'? Pode se entregar. Nós vamos encontrá-la de qualquer jeito"."
Às 15h40, Luciana embarcou para São Paulo. Antes, passou por exame de corpo de delito. Chegou à Deas (Delegacia Especializada Anti-Sequestro), em São Paulo, às 19h06, depois de também ter passado pelo IML da capital.
No começo do depoimento na Deas, veio a primeira contradição. Ela disse que saiu de São Paulo na última sexta. Na Bahia, disse que viajou na quarta-feira anterior.
Luciana confirmou a participação de Marcos Batista dos Santos, irmão de Marcelo, o Pirata, no sequestro. Ontem, Marcos -que teve a prisão temporária decretada- teria sido perseguido por policiais em Itaquera (zona leste), mas teria conseguido escapar.
O depoimento iria durar até a madrugada. Luciana será indiciada por sequestro e formação de quadrilha. O delegado Wagner Giudice, da Deas, disse que Patrícia deve ser ouvida na segunda.
Leia mais notícias sobre Silvio Santos
"Jenifer" pede para Patrícia depor a seu favor
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MANUELA MARTINEZ
da Agência Folha, em Salvador
Um dia depois de se apresentar à polícia de Bom Jesus da Lapa (BA), Luciana dos Santos Souza, 24, a "Jenifer", disse ontem que espera que a estudante Patrícia Abravanel, 24, confirme que não foi maltratada no cativeiro.
"Se ela [Patrícia Abravanel] tiver condições de me ouvir, eu só quero que ela confirme parte das coisas que falei, as coisas que um dia ela me disse. Uma precisava da outra. Ela tem bronquite. Então, nós compramos uma bombinha que ela pediu. Demos também Maracujina para ela ficar calma. A todo momento eu dizia: "Princesa, você vai sair dessa, com resgate ou sem resgate"."
Com uma Bíblia e um CD evangélico nas mãos, Luciana -namorada de Fernando Dutra Pinto, 22, líder do grupo que invadiu a casa do empresário Silvio Santos, 70, no Morumbi- alternou momentos de calma com outros de aflição em sua entrevista.
Ela disse que os sequestradores não pretendiam ficar com o dinheiro do resgate. "Vocês [jornalistas] podem perguntar para a Patrícia. A gente ia usar o dinheiro do resgate [R$ 500 mil] para comprar cestas básicas e distribuir em uma favela de São Paulo."
Luciana disse que conheceu o namorado em abril. "Eu não sabia que ele estava envolvido com crimes. Ele sempre ajudou os pobres." Ela desembarcou em Salvador às 8h35.
Responsável por vigiar Patrícia no cativeiro, "Jenifer" confirmou a sua participação no sequestro. De acordo com a polícia de Salvador, ela entrou em contradição em seu depoimento. "Primeiro, ela disse que entrou no sequestro apenas no segundo dia. Mais tarde, afirmou que ela e Fernando alugaram a casa no Morumbi com um mês de antecedência", disse o delegado Flávio Dias Neto.
À polícia, Luciana reafirmou que saiu de São Paulo no mesmo dia em que seu namorado matou dois policiais civis em um flat de Barueri, na Grande São Paulo.
Luciana disse que a religião e a família fizeram com que ela escolhesse Bom Jesus da Lapa (777 km de Salvador) para se entregar. "Tenho alguns parentes na cidade e meu sonho era conhecer a capela que existe em uma gruta."
Ela disse ter percebido que a polícia tinha identificado o grupo ao ligar para Esdras, irmão de Fernando. "Eu telefonei para o celular dele. Um policial atendeu e disse: "É a "Jenifer'? Pode se entregar. Nós vamos encontrá-la de qualquer jeito"."
Às 15h40, Luciana embarcou para São Paulo. Antes, passou por exame de corpo de delito. Chegou à Deas (Delegacia Especializada Anti-Sequestro), em São Paulo, às 19h06, depois de também ter passado pelo IML da capital.
No começo do depoimento na Deas, veio a primeira contradição. Ela disse que saiu de São Paulo na última sexta. Na Bahia, disse que viajou na quarta-feira anterior.
Luciana confirmou a participação de Marcos Batista dos Santos, irmão de Marcelo, o Pirata, no sequestro. Ontem, Marcos -que teve a prisão temporária decretada- teria sido perseguido por policiais em Itaquera (zona leste), mas teria conseguido escapar.
O depoimento iria durar até a madrugada. Luciana será indiciada por sequestro e formação de quadrilha. O delegado Wagner Giudice, da Deas, disse que Patrícia deve ser ouvida na segunda.
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