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17/09/2001 - 06h05

"Vi uma cena de filme", relata passageiro da TAM

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VALERIA LIMA
free-lance para a Folha

Quando embarcou com a mulher e o filho de um ano e meio para uma viagem de férias em Maragogi (AL), há uma semana, o empresário Edivaldo Antonio Guimarães, 32, não imaginava que a volta seria um pesadelo.

Ele era um dos 82 passageiros do vôo 9755 da TAM. Segundo ele, os passageiros viveram horas de terror e assistiram à morte de Marlene Aparecida Sebastião dos Santos, que teria sido sugada para fora do avião. Ele chegou a São Paulo ontem de manhã, com a família, de avião. A seguir, trechos da entrevista.

ACIDENTE - Chovia muito. Acabamos de jantar e ouvi um estouro no avião. As máscaras de oxigênio caíram, e ninguém entendia o que estava acontecendo. Eram 20h30. Percebi um vento forte na parte traseira. Por sorte, estava com minha família na terceira poltrona, depois da cabine. Olhei para trás e vi uma cena de filme: os passageiros não conseguiam parar nas poltronas, e uma espécie de espuma se espalhava pelo rosto das pessoas e pelo chão da aeronave. Eu achei que iria morrer. Protegi minha mulher e meu filho, coloquei-o no chão e tentei mantê-lo com a máscara, mas ele chorava muito. Isso durou mais ou menos 20 minutos.

TRIPULAÇÃO -A tripulação fez um bom trabalho, nos orientando. Avisaram que o avião estava despressurizado e que faríamos um pouso de emergência. Disseram que precisavam de colaboração, que devíamos ficar sentados, com cinto de segurança. Eles nos tranquilizavam, dizendo que tudo daria certo.

CLIMA - Havia muitas crianças no vôo. Os pais se debruçavam sobre os filhos tentando protegê-los da ventania. Eu me desesperei, achei que cairíamos na mata. Era um clima de horror. As crianças choravam, as pessoas gritavam muito, apavoradas, e eu as via sendo levantadas pelo vento. Senti-me muito mal, porque não podia ajudar. Senti-me impotente, sem poder fazer nada.

PASSAGEIROS -Por mais que tentássemos, não conseguíamos manter a calma. Eu vi pessoas passando do meu lado, ensanguentadas, mas é porque ajudaram a segurar a mulher [Marlene dos Santos", que era puxada para fora. Seu sangue espirrava nas pessoas e também no avião. O marido tentava segurar. Foi horrível. Não tive mais informações, mas sei que o marido fez o resto da viagem ao lado do corpo.

RESPONSÁVEL - Acidentes ocorrem em todos os lugares. Eu até arrisco dizer que andaria novamente de avião. Eles nos trataram muito bem. Ficamos por 12 horas em um hotel, e a TAM providenciou tudo o que precisávamos: cobertores, roupas, fraldas, leite e tudo que solicitamos.

A VOLTA - Foi difícil. Acho que os passageiros que voltaram por terra eram os que estavam mais próximos da janela quebrada e os que ficaram mais impressionados.
 

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