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Hospitais do Rio têm mais um dia de caos
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PAULA MÁIRAN
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Rio
O hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), atendeu ao longo do dia de ontem, até as 17h, 605 pessoas com suspeitas de dengue, sendo 360 crianças. A média de atendimento nos finais de semana desse hospital federal é de cem casos por dia e o movimento de ontem é um indicador de que, três meses depois do seu início, a epidemia de dengue continua sem controle.
A morte de uma mulher no hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca (zona oeste), na noite do sábado, aumentou a lista de suspeitas de óbito em razão da doença. Outras três mortes de crianças já tinham sido registradas neste final de semana e aguardam o laudo definitivo para confirmar a causa da morte. De 428 pacientes encaminhados pelos médicos do Cardoso Fontes para exame sob suspeita de dengue, mais da metade (241) tem menos de 12 anos. Os dados foram fornecidos pelo Ministério da Saúde.
Havia um único pediatra de plantão no hospital. Pela manhã houve tumulto por causa do pânico na fila de espera, principalmente entre mães com bebês de colo. Robson Leonardo, 4, mal se mexia nos braços da mãe, Kelly dos Santos, 20, à espera do resultado do exame do filho, sentada numa calçada na entrada do prédio.
Ela chegou ao hospital às 7h30. Às 12h, o filho desmaiou e vomitou. Carregado por um profissional de imprensa, o menino foi atendido, fizeram a coleta de sangue, mas não foi internado. 'Não sei o que podem considerar grave', lamentou Kelly.
'Estou desde a quinta-feira à procura de hospitais com a minha filha de dois meses. A saúde pública diz que a dengue só se diagnostica em três dias. Estive uma primeira vez no Cardoso Fontes, desisti da espera, mas no Lourenço Jorge [hospital municipal da Barra da Tijuca] nem estavam fazendo o exame. Tive que voltar e esperar', lamentou o correspondente bancário André de Oliveira, 26.
Filas de espera ocorreram também em outras áreas do Rio, como no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier (zona norte). Às 15h30, mais de cem pessoas aguardavam em cadeiras ou em pé por atendimento. 'O médico disse na triagem que a minha filha não está nem roxinha, que pode esperar para ser atendida. Só Jesus', desabafou Maria de Fátima Moreno de Souza, 43, com Larissa Júlia, 2 meses, no colo. Ela chegou às 11h à emergência e às 15h45 ainda não havia sido atendida. Havia dois pediatras na unidade.
Com o novo caso no Lourenço Jorge, elevou-se para quatro o número de mortes suspeitas no Rio desde a última sexta-feira. O número oficial de mortes permanece, no entanto, inalterado desde quarta-feira: são 54 registros de mortes. Os três hospitais de campanha instalados pela Aeronáutica na Barra da Tijuca para atendimento de emergência e diagnóstico começam a funcionar hoje. Nessas tendas só não será possível a internação. Os casos mais graves serão encaminhados para o hospital Cardoso Fontes.
A expectativa do ministério é que ajudem a aliviar o atendimento no Cardoso Fontes.
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Essa epidemia já está aí há mais de 25 anos, está mais do que na hora de responsabilizar quem não faz a sua parte!
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