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24/10/2001 - 04h39

Silvio Santos propôs fuga a sequestrador

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da Folha de S.Paulo

O empresário e apresentador de TV Silvio Santos, 70, contou ontem, em depoimento à Justiça, que sugeriu a Fernando Dutra Pinto, 22, levá-lo no porta-malas de seu carro até o estúdio do SBT, na rodovia Anhanguera, para facilitar a fuga do sequestrador de sua filha Patrícia Abravanel.

O plano, segundo o empresário, não foi concretizado porque apareceram quatro policiais na sua casa, invadida por Dutra Pinto no dia 30 de agosto, um dia depois do tiroteio em um flat em Barueri (Grande São Paulo) em que dois policiais morreram.

O apresentador contou que, ao ser rendido em casa, no Morumbi (zona oeste), o sequestrador disse a ele que ""pretendia fugir" e que temia ser morto caso fosse preso durante a fuga.

O próprio sequestrador lembrou do helicóptero do programa do Gugu, do SBT, mas o empresário disse que era impossível, pois a aeronave era alugada e não estaria disponível.

Além das opções de fuga, os dois também falaram sobre dinheiro nos primeiros 15 minutos de conversa, antes da chegada da polícia, nas tentativas que o apresentador fez para que os dois saíssem da casa sem que sua mulher e filhas fossem incomodadas.

Silvio Santos contou que Dutra Pinto perguntou se tinha dinheiro na casa e foi informado que havia apenas R$ 800, mas que poderia arrumar mais. O sequestrador respondeu que não seria necessário, segundo o empresário.
O depoimento de Silvio Santos foi prestado na presença de Dutra Pinto e de outros quatro sequestradores da sua filha.

Crime de ameaça
Para a defesa de Dutra Pinto, o depoimento descaracteriza a segunda denúncia de sequestro feita pelo Ministério Público. No mesmo processo, ele será julgado pelo sequestro de Patrícia.

"Seria no máximo crime de ameaça", afirmou ontem a advogada Simone Badan Caparroz, que trabalha na defesa de Dutra Pinto com mais dois advogados.

Segundo o Ministério Público, "o que Silvio Santos fez para tentar engabelar o sequestrador não muda o crime". "Ele não tinha condição de escolher ou não. Para mim, a exigência e a ameaça estavam veladas, por isso houve sequestro", disse o promotor do caso, Dimitrios Eugênio Bueri.
Para Paulo Juricic, promotor criminal há 15 anos, a atitude de Silvio Santos em tentar promover a fuga do sequestrador é legítima.

"A lei não exige heroísmo de ninguém. Nem se Silvio concretizasse o plano seria punido como cúmplice ou facilitador da fuga", disse o promotor.

Segundo Juricic, a ação de Silvio Santos é caracterizada como legítima defesa. Ele diz que, para tentar se salvar, a vítima pode e deve fazer o que quiser. "O que a gente não faria no lugar dele?"

No depoimento, o apresentador disse que não sofreu ameaças e que o sequestrador chegou a falar em se entregar.

Além de Silvio, Patrícia e o sobrinho do apresentador Guilherme Stoliar -que negociou o pagamento de resgate com os sequestradores- também prestaram depoimento ontem à Justiça.

Apesar de o resgate ter sido apreendido pela polícia em 29 de agosto, o apresentador contou ainda não ter recuperado os R$ 464 mil recolhidos em Barueri.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o dinheiro foi encaminhado para o juiz do caso em Barueri, que determinou o depósito judicial em nome do empresário. A liberação do dinheiro depende agora de um pedido formal dos advogados de Silvio Santos.
 

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