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Corte em tela feito para reconstituição da morte de Isabella é diferente do crime
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JORGE SOUFEN JR
do Agora
O corte feito na tela de proteção do apartamento do estagiário de direito Alexandre Alves Nardoni, 29 anos, durante a reconstituição da morte de Isabella Nardoni, 5, no último domingo, é diferente do corte original feito pelo assassino para jogar a menina pela janela.
As diferenças entre o que aconteceu na noite do crime e no dia da reconstituição serão uma das estratégias de defesa de Nardoni e de Anna Carolina Jatobá, 24, pai e madrasta da menina, únicos suspeitos do crime apontados pela polícia. Os advogados do casal deverão tentar anular, judicialmente, a reconstituição do crime utilizando como base essas alegações.
"Todas as pessoas que acompanharam a reprodução simulada chegaram à conclusão de que não houve semelhança", disse o advogado Marco Polo Levorin, que compõe o trio de defesa com Ricardo Martins e Rogério Neres de Sousa. "Não houve identidade entre o corte original e o corte da perícia."
Os advogados analisaram os laudos periciais ontem. Um dos objetivos é confrontar os resultados com a reconstituição do crime. "Há, inclusive, na análise desses laudos, muitas informações favoráveis para a defesa", disse Levorin, que não revelou detalhes.
Na comparação de imagens nas duas datas diferentes, é possível ver que o perito (representando Nardoni) cortou a tela quase verticalmente (de baixo para cima). O buraco formado na tela no dia da reconstituição é mais alto do que largo, diferente do buraco feito pelo criminoso.
Outros fatos serão levados em conta pelos advogados para questionar a reconstituição. Um deles é que a reprodução simulada foi feita a partir das 10h do domingo, enquanto o crime ocorreu no final da noite de 29 de março.
Outro é que a polícia não fez testes de sons para saber se supostos gritos do casal suspeito ou de Isabella poderiam ter sido ouvidos por vizinhos.
Para o advogado criminalista Sergei Cobra Arbex, qualquer prova pericial pode ser contestada, em especial se for realmente constatado que houve "erro grosseiro". "Me parece até que o material da tela não foi o mesmo. O mínimo que poderia se esperar é que houvesse precisão técnica, já que a investigação já foi conduzida de forma espalhafatosa, sem discrição."
O especialista disse que o boneco que representava Isabella (com altura e peso semelhantes aos da menina) deveria ter sido jogado da janela. "Era preciso ver, inclusive, a trajetória do corpo no ar", afirmou Arbex.
Já o advogado criminalista Francisco Lúcio França afirma que o detalhe da tela é "pequeno face a todo o conjunto de provas que já foi levantado". "Uma das técnicas de defesa é é desqualificar a perícia ou desqualificar um depoimento ou laudo", disse.
Secretaria não comenta
A Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que não vai comentar o fato de o corte feito na tela de proteção do apartamento de Nardoni durante a reconstituição da morte de Isabella ser diferente daquele encontrado no dia do crime. Essa diferença será utilizada pelos advogados do pai e da madrasta da garota na estratégia de defesa do casal.
A secretaria afirmou ainda que não vai entrar em confronto com a defesa e que o resultado da reconstituição, realizada no domingo pelo Instituto de Criminalística no edifício London, será anexado ao inquérito. Os advogados de Nardoni e Anna Jatobá afirmam que não houve semelhança entre a simulação e o que ocorreu no dia do crime.
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