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13/11/2001 - 09h32

Diretor de IML é afastado, acusado de traficar cadáveres e órgãos

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RITA MAGALHÃES
do Agora São Paulo

O médico legista Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro foi indiciado pela Polícia Civil de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, por subtração de órgãos e cadáveres de pelo menos 13 pessoas.

O indiciamento ocorreu na última sexta-feira (09), após o delegado Marco Antônio Dario, da Seccional de Franco da Rocha, apurar por meio de exumação de 11 cadáveres que Monteiro teria subtraído total ou parcialmente seus respectivos órgãos (durante algumas horas o sobrenome do legista saiu publicado aqui incorretamente, como Moreira, e não Monteiro).

Nos 11 casos, os cadáveres passaram por necropsia _exame que detecta a causa da morte_ no Instituto Médico Legal e Serviço de Verificação de Óbito daquele município.

O delegado também constatou em suas investigações que os órgãos e cadáveres subtraídos foram destinados ilegalmente a instituições de ensino e pesquisa do interior do Estado e de Minas Gerais.

A Polícia Civil começou a investigar o eventual tráfico de órgãos no último dia 28 de junho, após receber uma denúncia do auxiliar de necropsia, José Vieira Filho. Um cadáver inteiro _sem necropsia_ chegava a custar R$ 15 mil, segundo apurou a polícia.

Segundo o auxiliar, Monteiro, que até então era diretor do IML de Franco da Rocha, determinava aos auxiliares de necropsia que retirassem todos órgãos dos corpos e, no lugar, enxertassem pó de serragem.

Vieira Filho disse que começou a desconfiar da legalidade do procedimento porque apenas o diretor determinava a retirada dos órgãos. Ato que, diz o denunciante, indignava os outros legistas, principalmente aqueles que assinavam os laudos dos corpos violados.

"Ele falava que estava tudo dentro da lei, mas não existia nenhuma autorização judicial para que aquilo acontecesse. Quando disse que não faria mais aquele serviço, ele mandou a prefeitura me dispensar", disse Vieira Filho.

Nivaldo Pereira, ex-auxiliar de necropsia do Hospital Sorocabano, também foi indiciado. Ele é acusado de intermediar as "doações" e de transportar os órgãos e corpos até o destino _universidades e instituições de pesquisas.

O primeiro cadáver exumado foi o de Elisângela Perpétua Pereira, 17 anos. Grávida de sete meses, ela morreu de insuficiência cardíaca.

Dentro de seu corpo os legistas encontraram apenas o intestino. Foram retirados pulmões, coração, fígado, rins, pâncreas, útero e o bebê, que, segundo Vieira Filho, ficou quatro dias dentro do refrigerador do IML e depois sumiu.

Outro lado

A Secretaria de Segurança Pública informou que, após as denúncias, o médico legista Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro perdeu seu cargo de diretor do IML de Franco da Rocha.

Hoje, segundo a assessoria da secretaria, ele também foi afastado do cargo operacional e cumpre apenas funções burocráticas no IML Leste, na capital, até a conclusão do processo administrativo, que ainda não foi instaurado.

Ele foi procurado no IML Leste pela reportagem, mas, segundo uma funcionária, seu plantão no local acontece às quartas-feiras. Ninguém em sua residência também atendeu às seis ligações telefônicas feitas pela reportagem. Interrogado pelo delegado Marco Antônio Dario, na última sexta-feira, Monteiro negou qualquer ato ilegal.

Nivaldo Pereira, com residência em Tatuí, também negou conhecer e ser cúmplice de Monteiro na subtração de órgãos e cadáveres. "Não sei sobre o que você está falando", disse.
 

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