Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/07/2000 - 04h14

Risco à vida de paulista dobra em 4 anos

Publicidade

ALESSANDRO SILVA, da Folha de S.Paulo

A exposição do paulista à violência aumentou nos últimos quatro anos com o crescimento dos crimes graves, aqueles que resultam em morte ou colocam em risco a vida das vítimas.

O ano de 99 bateu recorde em casos de roubos, sequestros, homicídios e latrocínio (assalto seguido de homicídio) no Estado de São Paulo, desde que a Secretaria da Segurança Pública passou a publicar dados estatísticos trimestrais no ""Diário Oficial", no segundo semestre de 95.

Os casos de assaltos foram os que mais cresceram. Passaram de 123.669 casos em 96 para 219.654 no ano passado -incremento de 77,6%. O homicídio foi o que menos aumentou (22,6%).

As taxas de crescimento do crime superam o verificado na população em São Paulo, que em quatro anos expandiu 4%, de acordo com a Fundação Seade.

Os números oficiais confirmam ainda mais um fator favorável à sensação de insegurança: os criminosos estão cada vez mais armados e violentos.

Há quatro anos, para cada 10 ocorrências contra o patrimônio registradas no Estado, havia 8 furtos e 2 roubos. Era o ladrão obtendo algo ilícito com o auxílio da astúcia, sem violência.

No ano passado, essa relação mudou sensivelmente. Para cada 10 crimes desse tipo, houve 6 furtos e 4 assaltos.

Roubo, de acordo com a lei, é o crime em que o autor age com violência e há risco para a vítima. Por esse motivo a pena é mais severa que a do furto.

Armas

"Por mais que a polícia apreenda armas, os índices de roubos continuam preocupantes", diz o tenente-coronel Renato Penteado Perrenoud, chefe do setor de comunicação da Polícia Militar.

Nunca em São Paulo a PM recolheu tantas armas de fogo. Foram 18.456 em 95 contra 26.209 no ano passado -crescimento de 42%. É como se os policiais paulistas apreendessem um revólver ou pistola a cada 20 minutos.

"O confronto na rua é inevitável. O marginal não aceita mais ordem de prisão", diz Perrenoud.

O perfil de armamento recolhido também tem mudado. O revólver 38 divide espaço com pistolas, fuzis e até lançadores de míssil -como o que foi encontrado recentemente com uma quadrilha de sequestradores na região de Campinas, no interior do Estado.

"É preciso descobrir quais são as fontes do crime, porque atuar nas consequências não resolve", afirma o sociólogo Luís Antônio Souza, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

Para ele, os dados mostram que a situação está se agravando e que a receita ""crime-criminoso-cadeia" não surtiu efeito.

"Onde o poder público não resolve problemas, esses problemas tornam-se pessoais", diz, ao explicar que as pessoas passam a reagir por conta própria na ausência do Estado.

"O clima geral é de mais insegurança, independentemente dos números", afirma Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz.

A instituição defende o desarmamento, a criação de políticas sociais voltadas aos jovens e a reforma das polícias como uma das alternativas.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, a questão vai além da atuação da polícia. "A polícia, agindo no limite, consegue conter o crescimento da violência, mas só vamos obter reduções importantes quando tivermos melhores indicadores sociais".

Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página