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Exército nega acusação de violência em favela e diz que vai continuar ocupação
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LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio
O Exército negou nesta segunda-feira que faz uso de violência e que tenha implantado toque de recolher no morro da Providência (centro do Rio). Moradores afirmaram nesta segunda-feira que militares que ocupam a favela desde dezembro do ano passado agem com violência e truculência contra a população local.
Afirmou, contudo, que continuará a ocupação na favela até, ao menos, dezembro deste ano, prazo inicial para o fim das obras.
"O Exército permanecerá [no morro da Providência]. Esse fato é isolado e de militares que não procederam como deveriam", afirmou o coronel Carlos Alberto Barcellos, do serviço de comunicação do CML (Comando Militar do Leste).
Em nota, o CML disse que repudia o ato de que 11 militares são suspeitos. "O Exército repudia, veementemente, qualquer desvio de conduta e qualquer ação fora da legalidade praticada por seus integrantes", diz a nota.
No comunicado, o CML afirma ainda que os 11 militares presos estão à disposição da Justiça comum. Por serem militares, eles também serão julgados pela Justiça Militar, de acordo com o Exército. O Ministério da Defesa também emitiu nota na qual afirma que a ocupação da favela faz parte de "ações subsidiárias [...] entre as missões constitucionais atribuídas ao Exército brasileiro, definindo sua cooperação com a nação".
De acordo com a pasta, 200 militares participam da ocupação ao morro da Providência.
Revolta
Os moradores fizeram a denúncia durante o enterro dos três jovens que, segundo a polícia, foram entregues pelos 11 militares para traficantes do morro da Mineira, controlado por uma facção rival ao morro da Providência. Os jovens --David Wilson Florêncio da Silva, 24, Wellington Gonzaga Costa, 19, e Marcos Paulo da Silva, 17-- foram encontrados mortos ontem (15) no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (na Baixada Fluminense).
Segundo Bárbara Ferreira, 21, irmã de Wellington, o rapaz começaria hoje a trabalhar nas obras do projeto "Cimento Social", como servente.
"O Exército não tem o menor respeito pela nossa comunidade. Nunca ajudaram nas obras e ainda nos desrespeitavam, davam tiros para o alto, batiam, xingavam todo mundo, mexiam com as mulheres dos moradores. Há uns dois meses, começaram a colocar toque de recolher. Dava umas 21h, 22h e ninguém mais podia ficar nas ruas", disse o encarregado pelas obras, o morador Alex Oliveira,
Crime
Os jovens desapareceram no sábado, após serem abordados por militares em uma praça do morro da Providência e levados para um quartel do Exército. No mesmo dia, familiares e moradores do morro protestaram ateando fogo em ônibus de vias próximas.
As investigações preliminares apontaram que os jovens sofreram agressões e foram assassinados pelos traficantes antes de serem despejados no aterro.
A decisão da Justiça foi decretada na noite de ontem (16) no plantão judiciário do Rio pela juíza Regina Lúcia de Castro Lima, informou o TJ (Tribunal de Justiça do Rio). Os mandados de prisão, segundo o TJ, foram entregues na manhã de hoje ao delegado da 4ª Delegacia de Polícia (Central), Ricardo Domingues, que havia pedido ontem a prisão temporária dos militares. Os nomes dos militares não foi divulgado.
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