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29/11/2001 - 15h14

Diretor recebeu denúncia de fuga no Carandiru seis dias antes

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MILENA BUOSI
da Folha Online

O diretor da Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru, zona norte de São Paulo, Hugo Berni Neto, disse aos deputados da CPI do Sistema Prisional que seis dias antes da fuga dos 103 presos havia recebido denúncias sobre a ação dos detentos. O diretor disse que informou "seus superiores".

Os parlamentares visitaram hoje a penitenciária. "O diretor afirmou que recebeu denúncias sobre a fuga, inclusive da Polícia Civil, e que um túnel estava sendo cavado e se ligaria com as galerias subterrâneas", disse o deputado Wagner Lino (PT), sub-relator da CPI.

O diretor afirmou aos deputados que realizou uma vistoria interna no local e também comunicou seus "superiores" sobre procedimentos que deveriam ser realizados na parte externa do presídio.

Berni Neto disse acreditar que cerca de 15 dos 103 presos que escaparam foram os mentores da fuga. Entre eles estaria Alejandro Camacho, irmão de Marcos Camacho, o Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital). Alejandro não teria ligação com a facção criminosa. O grupo seria formado por assaltantes de banco, traficantes e ladrões de carga.

O diretor da penitenciária disse aos deputados que, por volta das 8h20 da última segunda-feira, um agente penitenciário teria sido rendido por presos armados com dois revólveres. O agente responsável pela segurança da oficina, por onde os detentos escaparam, faltou no dia da fuga. No local trabalham 62 presos.

A maioria dos que fugiram não estava de serviço e teria "invadido" a oficina, aproveitando a hora do banho de sol.

Na oficina, os presos teriam deixado uma máquina ligada, para evitar que outros funcionários suspeitassem da fuga. "O furo do túnel foi feito bem no canto da parede, atrás de uma máquina, que servia de barreira visual", afirmou o deputado.

O diretor da penitenciária disse ainda que os líderes da fuga teriam saído por uma casa, onde teriam tomado banho e trocado de roupa. Carros já estariam aguardando os detentos no local. De acordo com o diretor, os demais presos teriam fugido por causa da oportunidade.

Uma sindicância interna e a Corregedoria do sistema penitenciário apuram a fuga. A CPI solicitará documentos sobre o resultado das investigações, que deverão ser concluídas em 30 dias.

A CPI também solicitou também nomes dos presos que fugiram, suas condenações, nomes dos funcionários, entre outras informações.

"Vamos averiguar o possível envolvimento de funcionários", disse o deputado. "No entanto, os procedimentos na penitenciária já facilitam a fuga. Se há arma lá dentro, é porque não tem revista, ou há conivência. Se os presos transitam livremente de um pavilhão para um local de trabalho é porque algo não está correto."

A Secretaria da Administração Penitenciária informou que são constantes denúncias sobre possíveis fugas nos presídios do Estado.

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