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Justiça aceita denúncia contra 11 militares que entregaram jovens a traficantes
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Colaboração para a Folha Online, no Rio
A Justiça Federal do Rio aceitou nesta segunda-feira denúncia contra os 11 militares acusados de entregar três jovens do morro da Providência (centro do Rio) a traficantes do morro da Mineira. Ainda esta semana, os militares terão que depor à Justiça sobre o caso.
Os 11 militares faziam parte da tropa do Exército que ocupava o morro da Providência para fazer segurança das obras do projeto Cimento Social, do governo federal. Eles foram presos no último dia 15 e, segundo a polícia, confessaram ter levado, no dia anterior, três jovens detidos no alto da favela a traficantes do morro da Mineira, rivais aos da Providência.
O juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcello Granado, aceitou a denúncia feita na tarde desta segunda-feira pelo Ministério Público Federal do Rio contra os 11 militares por três homicídios triplamente qualificados --motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas-- contra os jovens da Providência. Eles já tiveram prisão preventiva decretada.
Na denúncia, o Ministério Público Federal pediu ainda a Granado a quebra dos sigilos telefônicos dos denunciados, para apurar se houve contato entre os militares e os traficantes do morro da Mineira antes da entrega dos três jovens. Isso porque, segundo a denúncia, os 11 militares entraram em zona hostil de forma amistosa, tendo conversado tranqüilamente com um integrante da facção antes de entregarem as vítimas.
A Justiça Federal não informou se o juiz Marcello Granado vai acatar o pedido. A íntegra da decisão do juiz ainda não foi divulgada.
Os 11 militares denunciados serão ouvidos nas próximas quinta-feira (3) e sexta-feira (4). No primeiro dia, a Justiça vai interrogar Vinícius Ghidetti --apontado como o mandante da entrega dos jovens aos traficantes--, Leandro Maia Bueno, José Ricardo Rodrigues de Araújo, Bruno Eduardo de Fátima, Renato de Oliveira Alves e Julio Almeida Ré. Já na sexta-feira, prestarão depoimentos Rafael Cunha da Costa Sá, Sidney de Oliveira Barros, Fabiano Eloi dos Santos, Samuel de Souza Oliveira e Eduardo Pereira de Oliveira.
Crise
No último dia 14, Wellington Gonzaga Ferreira, 19, David Wilson da Silva, 24, e Marcos Paulo Campos, 17, foram detidos pelos 11 militares no alto do morro da Providência por desacato e entregues a traficantes do morro da Mineira (centro do Rio), ligados à facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), rival ao CV (Comando Vermelho), que controla o tráfico na Providência.
Os militares levaram os jovens para o quartel do Exército próximo à Providência, mas o capitão Leandro Ferrari, que comandava o quartel no momento, ordenou que os rapazes fossem liberados. No entanto, o tenente Ghidetti, que havia levado os jovens ao quartel, desobedeceu a ordem e, com outros dez militares, entregou aos traficantes da Mineira os rapazes. Os três apareceram mortos no dia seguinte em um aterro sanitário.
O caso abriu uma crise sobre a presença do Exército na comunidade. Na semana passada, a Justiça Federal determinou a retirada dos militares do morro. O governo federal recorreu e conseguiu que a Justiça mantivesse as tropas, mas somente na rua onde as obras ocorrem. Na terça-feira (24), porém, a Justiça Eleitoral determinou a paralisação das obras, alegando caráter eleitoral no projeto, e, com isso, o ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou que o Exército deixaria totalmente o morro.
Traficantes do morro da Mineira suspeitos de terem matado os três jovens ainda não foram presos.
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