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Chuva adia prisão de assassinos de jovens da Providência, diz polícia
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LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio
Fracassou a primeira tentativa da polícia do Rio de prender os traficantes do morro da Mineira apontados como assassinos dos três jovens do morro da Providência, entregues aos criminosos por militares. Uma operação da Polícia Civil montada para a manhã desta sexta-feira teve que ser cancelada por causa da forte chuva que atingiu a cidade.
A operação ocorreria na Rocinha, em São Conrado (zona sul), onde os supostos assassinos estão escondidos, de acordo com a polícia. O tráfico de drogas da Rocinha e do morro da Mineira são controlados pela mesma facção, a ADA (Amigos dos Amigos).
Por causa do mau tempo, os helicópteros que fariam apoio aéreo à operação não puderam decolar e, por isso, a polícia decidiu cancelar a operação, informou o delegado titular da DRFA (Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis), Ronaldo de Oliveira, que comandaria a ação.
"Sem o helicóptero, teríamos dificuldade de garantir a segurança da população e dos policiais", disse. Para tentar confundir os criminosos, Oliveira divulgou, no início da manhã, que a operação seria feita no morro da Mineira, enquanto policiais à paisana monitoravam o movimento na Rocinha. Mas o delegado afirmou que não há risco de perder os supostos assassinos.
"Para nós, é até melhor que eles saibam e fiquem preocupados, porque quanto mais eles se movimentam mais conseguimos monitorar onde estão".
Interrogatório
Na tarde desta sexta, prestam depoimentos à Justiça 5 dos 11 militares acusados de entregar os jovens aos traficantes da Mineira. Serão ouvidos Rafael Cunha da Costa Sá, Sidney de Oliveira Barros, Fabiano Eloi dos Santos, Samuel de Souza Oliveira e Eduardo Pereira de Oliveira.
Na quinta (3), o tenente Vinícius Ghidetti, acusado de ordenar a entrega dos jovens, depôs e alegou, ao juiz Marcello Granado, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que queria apenas dar "um susto" nos moradores da Providência.
Os 11 militares respondem na Justiça por triplo homicídio triplamente qualificado --motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas.
Crime
No último dia 14, Wellington Gonzaga Ferreira, 19, David Wilson da Silva, 24, e Marcos Paulo Campos, 17, foram detidos pelos 11 militares no alto do morro da Providência por desacato e entregues a traficantes do morro da Mineira (centro do Rio), ligados à facção ADA, rival ao CV (Comando Vermelho), que controla o tráfico na Providência.
O Exército começou a ocupar o morro da Providência em dezembro de 2007, mas saiu no último dia 25 por ordem da Justiça, depois da morte dos jovens e de denúncias de que os militares estariam exercendo funções de Segurança Pública e abusos de poder.
Os militares levaram os jovens para o quartel do Exército próximo à Providência, mas o capitão Leandro Ferrari, que comandava o quartel no momento, ordenou que os rapazes fossem liberados. No entanto, o tenente Vinícius Ghidetti, que havia levado os jovens ao quartel, desobedeceu a ordem e, com outros dez militares, entregou aos traficantes da Mineira os rapazes, que apareceram mortos no dia seguinte em um aterro sanitário. Os 11 militares foram presos no dia seguinte e, segundo a polícia, confessaram o crime.
O caso abriu uma crise sobre a presença do Exército na comunidade. A Justiça Federal determinou a retirada dos militares do morro, e o governo federal recorreu e conseguiu que a Justiça mantivesse as tropas, mas somente na rua onde as obras são feitas. No dia 24, porém, a Justiça Eleitoral determinou a paralisação das obras, alegando caráter eleitoral no projeto, e, com isso, o ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou que o Exército também deixaria totalmente o morro.
Traficantes do morro da Mineira suspeitos de terem matado os três jovens ainda não foram presos.
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