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Para MPF, militares que entregaram jovens a rivais devem ter julgamentos separados
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LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online
Para o MPF (Ministério Público Federal), cada um dos 11 militares acusados de ter entregado jovens do morro da Providência a traficantes do morro da Mineira tem diferentes participações e responsabilidades no caso. A interpretação pode levar a julgamentos distintos para cada um dos militares. Até agora, todos são acusado de homicídio triplamente qualificado.
Seis dos onze militares já depuseram à Justiça nesta sexta-feira e ontem. Os depoimentos prestados até agora mostram, no entendimento do MPF, uma "clara hierarquia diferenciada" entre os acusados.
"Tem um tenente [Vinícius Ghidetti], tem aquele que negociou com os traficantes, têm aqueles que serviram de escolta e têm ainda os que ficaram na guarda. Então temos uma hierarquia muito diferenciada entre os denunciados", disse a procuradora Patrícia Nuñez, que participa dos depoimentos.
A procuradora afirmou nesta sexta-feira ser possível que alguns dos acusados não tenham falado a verdade no depoimento. "Sabemos que as pessoas podem mentir em juízo e fazer choro falso, como ocorreu". A procuradora se refere ao depoimento do tenente Ghidetti, que chorou ontem ao falar da família.
O soldado Júlio Almeida Ré e o sargento Renato Oliveira Alves, que já depuseram nesta sexta, alegaram que estavam apenas cumprindo ordens de garantir a segurança do grupo de militares que levou os jovens aos traficantes do morro da Mineira. Nuñez disse que ainda não é possível determinar quais dos militares serão acusados por homicídio doloso --com intenção.
Outros cinco militares ainda devem prestar depoimento ao juiz Marcello Granado, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, nesta sexta-feira.
Ameaças
O sargento Renato Alves afirmou durante seu depoimento que o tenente Vinícius Ghidetti reclamou de ameaças que vêm sendo feitas a sua família desde o crime. Mais cedo, no início do depoimento, Alves disse ainda ter recebido a informação de que traficantes do Comando Vermelho --facção criminosa que controla o morro da Providência-- estão oferecendo R$ 10 mil reais pela morte de cada um dos 11 militares.
Segundo o sargento, o tenente contou aos demais militares que seis homens foram a sua casa a cerca de duas semanas e disseram a sua família que estavam atrás do tenente. "Ele contou isso para a gente e perguntou se nossas famílias moravam preto. Falou que lamentava ter colocado a gente naquela situação."
O tenente, segundo Alves, mostrou-se arrependido e pediu perdão diversas vezes aos demais militares no presídio do 1º batalhão de polícia do exército, na Tijuca, zona norte do Rio, onde os 11 estão presos desde o último dia 15.
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