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10/07/2008 - 11h14

Carro onde estava João Roberto recebeu ao menos 17 tiros

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LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio

A Palio Weekend dirigida por Alessandra Amorim, mãe de João Roberto, 3, morto após ser baleado durante suposta perseguição policial na Tijuca (zona norte do Rio) no domingo (6), recebeu ao menos 17 tiros.

A informação é do laudo preliminar da perícia do carro e deverá constar no inquérito que a Polícia Civil entrega nesta quinta-feira a respeito do caso.

O inquérito presidido pelo delegado Walter de Oliveira, titular da 19ª Delegacia de Polícia (Tijuca), deverá esclarecer se os tiros que mataram o garoto partiram dos policiais que faziam a perseguição ou de supostos criminosos, como alegaram os policiais em depoimento à Polícia Civil.

A Justiça do Rio decretou na quarta-feira (9) a prisão temporária dos dois policiais envolvidos. Os pais do garoto criticaram a ação dos PMs.

João Roberto foi baleado quando estava dentro do carro da mãe, na rua General Espírito Santo Cardoso, na Tijuca (zona norte). Após ser ultrapassada pelo Fiat Stilo utilizado pelos supostos assaltantes, a mãe do menino havia encostado o carro para dar passagem aos dois policiais. Entretanto os policiais confundiram o veículo dela com o dos supostos criminosos, segundo o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame.

Policiais

Oliveira disse ter ouvido de testemunhas que os tiros partiram mesmo dos policiais. Uma das pessoas que depuseram, contudo, afirmou ter visto tiroteio, mas disse não ter certeza que a troca de tiros chegou até o trecho onde estava o carro da mãe de João Roberto. Em depoimento prestado na noite do crime, os policiais negaram ter disparado contra o veículo onde estava a criança e sustentaram a versão de que havia tiroteio no momento, segundo o delegado.

Os indícios de que os tiros partiram dos policiais, no entanto, se fortaleceram com imagens do circuito interno de um prédio na rua onde o caso aconteceu, para o delegado. As imagens mostram, segundo ele, que não havia tiroteio no momento em que o menino foi atingido.

Com a gravação, e mesmo sem concluir as investigações, o delegado pediu, na terça-feira (8), a prisão dos dois policiais --o cabo William de Paula e o soldado Elias Gonçalvez da Costa Neto. A prisão foi decretada na madrugada de ontem pelo juiz Ricardo Rocha, do plantão judiciário do Rio, e os policiais foram transferidos do 6º Batalhão de Polícia Militar (Tijuca), onde estavam desde domingo (6), para o batalhão prisional da PM, em São Cristóvão.

Ao comentar o caso, na noite de terça-feira, o governador Sérgio Cabral (PMDB) afirmou que os dois policiais seriam expulsos da Polícia Militar. Mas a assessoria de imprensa da PM informou que os dois continuam na corporação e só poderão ser expulsos após a conclusão da investigação própria da PM sobre o caso.

Comentários dos leitores
O Brasil virou o país das epidemias, pondo em dúvida a maturidade com que reagimos às notícias. Antes, não sabíamos de nada, ficávamos a ver navios dos acontecimentos nacionais e os aproveitadores de nossa ignorância viviam em estado de graça. Agora, televisão, internet, jornais, rádio, celular e o que mais existe, tudo conta tudo que acontece no país. Nossa reação: repetir o que acontece, só para ter certeza de que aconteceu mesmo. A epidemia das epidemias começou com a Polícia Federal: depois do mensalão, seguindo ordens superiores, desencadeou a operação que prendeu Zuleido. Foi um tal sucesso, que a todo momento temos novas operações e ficamos imaginando se há policiais federais suficientes para operar tudo isto. Depois, veio a epidemia de andar na contramão. De repente, tivemos uma sucessão inacreditável de gente andando na contramão, coisa que nunca tinha acontecido. Agora, tragicamente, estamos com a pior epidemia de todas: a polícia assassinar crianças e vítimas de criminosos. Agora, nossa insegurança ficou patente: temos polícias e policiais soltos nas ruas das cidades sem a mínima condição de atuar responsavelmente. A cada dia que passa soma-se novo descrédito às polícias brasileiras. Há quanto tempo vivemos sob esse estado na mais ingênua ignorância? Não seria bom nossos governantes politicarem menos e olharem mais para a segurança deste povo que percebeu estar desprotegido, ameaçado pela ação dos criminosos e pela irresponsabilidade da polícia? 4 opiniões
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Que tal Beltrame mandar (não é pedir: ele comanda a polícia) que a polícia trate a população como gente, inclusive os favelados? Depois da infeliz entrevista de Cabral, é impossível acreditar que o governo do Rio tenha uma posição sensata sobre a segurança pública. Ele erra ao considerar que a questão é de sua própria autoridade. Não é! É uma questão social que só tende a se agravar enquanto não receber o tratamento devido. 5 opiniões
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A Associação de Medicina do Brasil precisa protestar junto ao governo federal, aos governos estaduais e ao Supremo contra as polícias do Brasil que estão, indevidamente, se atribuindo o direito de evitar a superpopulação do país. Polícia é polícia, fabricante de pílula antigravidez é fabricante de pílula antigravidez! 4 opiniões
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