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08/01/2002 - 12h18

Última greve da PM na Bahia teve morte, saque e fuga de turistas

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RICARDO FELTRIN
Editor de Cotidiano da Folha Online

A Polícia Militar da Bahia decretou a primeira greve de sua história no dia 5 de julho do ano passado, após duas semanas de fracassadas negociações com o governo do Estado.

A PM reivindicava então um piso salarial R$ 1.200, mais a reintegração de 68 policiais acusados de incentivar o motim (na verdade policiais não tem direito constitucional de fazer greve, daí o nome "motim").

A greve baiana foi só uma parte de um grande movimento nacional por melhores salários na polícia, que começou com a paralisação no Tocantins, atingiu em seguida o Pernambuco e afetaria ainda Alagoas, Pará, Piauí, Paraná, Distrito Federal e mesmo São Paulo _onde as negociações foram muito difíceis para o governador Geraldo Alckmin.

No dia seguinte ao início da greve baiana, os policiais desafiaram a ordem do governador Cesar Borges (PFL) de voltar ao trabalho. Permaneceram de braços cruzados e, pior, começaram a ocupar os principais batalhões da PM no Estado.

Nem a ordem da Justiça de desocupar os BPMs demoveu os grevistas, que sempre faziam questão de lembrar que estavam "sentados" sob um enorme aparato de armas.

Enquanto Borges insistia junto ao governo federal para que enviasse urgentemente tropas do Exército às ruas da Bahia, a população de Salvador ameaçava patrulhar as ruas "com as próprias mãos".

Por causa da greve, lojas ficaram fechadas vários dias, ônibus deixaram de circular em Salvador e até os bancos foram proibidos de abrir pelo Banco Central, em Brasília. À noite, locais históricos de Salvador permaneciam às moscas. Os turistas, apavorados, fugiam da cidade às pressas.

O Exército finalmente chegou a Salvador, mas não impediu saques na periferia da capital e em cidades do interior. Houve cenas de vandalismo e muita violência. A criminalidade aumentou. Pelo menos dois casos de linchamentos de assaltantes foram registrados.

O governo baiano voltou atrás e decidiu aceitar a reintegração dos líderes do movimento. A princípio os grevistas rejeitaram a proposta.

A greve terminou após 13 dias _e, ainda assim, com os PMs rejeitando as ofertas do governo. A greve dos policiais do Pernambuco, que começara antes da Bahia, por exemplo, ainda duraria quase três meses.

Leia mais   sobre a crise na polícia
 

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