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29/08/2008 - 10h07

Para polícia, mãe de bebê salvo por fralda foi "relapsa"

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
RENATA BAPTISTA
da Agência Folha

A Polícia Civil deve indiciar por suspeita de lesão corporal culposa (não-intencional) a mãe do bebê que caiu na terça-feira do terceiro andar de um prédio em Recife e foi salvo pela fralda descartável.

Para o delegado Carlos Onofre, que investiga o caso, Francieli Pinto Rebelo, 21, foi "relapsa" ao deixar um sofá encostado sob uma janela aberta, sem grade ou rede de proteção. "Vi como um descuido muito forte. Ao deixar o sofá naquele lugar, ela assumiu o risco de produzir o resultado", disse ele.

A pena prevista para o crime de lesão corporal culposa é de dois meses a um ano de prisão.

O bebê, Cauã Felipe Massaneiro, de um ano e meio, caiu após subir no sofá de casa e se inclinar na janela aberta. Durante a queda, de aproximadamente dez metros, bateu em uma janela no segundo andar e em um guarda-chuva.

As colisões desviaram o menino em direção ao muro que separa o edifício do prédio vizinho. Cauã ficou preso pela fralda nas farpas metálicas de segurança do muro. Logo depois, a fralda se abriu e o bebê caiu.

Segundo o pai da criança, Alexandre César Massaneiro, 23, o menino fraturou a perna esquerda e quatro costelas -e não uma, como Massaneiro havia dito antes-, mas passa bem e deverá receber alta até o final da semana. "Ele está rindo e brinca até com o soro", disse.

Para ele, sua mulher não teve culpa no acidente. "Eu descarto essa hipótese, e já acionei um advogado que vai me orientar sobre o caso", afirmou. "Não houve descuido, ela é uma mãe bastante dedicada."

Francieli foi ouvida ontem pelo delegado. Ela disse não haver percebido o afastamento do menino e que só soube da queda de seu filho quando ouviu gritos de vizinhos.

O delegado afirmou que os vizinhos elogiaram o comportamento da família. Segundo ele, o pai não será indiciado porque não estava em casa.

Impacto da queda

Cálculos da equipe do curso de física da Unesp de Ilha Solteira (SP) apontam que, se a fralda não atenuasse a queda, Cauã atingiria o chão com velocidade aproximada de 50 km/h, num impacto de 2,1 toneladas.

"Certamente a criança não resistiria [à queda do prédio]", afirmou o vice-coordenador do curso, Hermes Aquino.

Segundo ele, a fralda teve o mesmo efeito dos cintos de segurança nos carros e diminuiu a velocidade de chegada ao solo para 22,5 km/h -o impacto foi reduzido para cerca de 430 kg.

O Ministério de Saúde afirma que acidentes ou lesões não-intencionais representam a principal causa de morte de crianças de um a 14 anos no Brasil.

 

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