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20/01/2002 - 21h09

Ato multirreligioso em Santo André reúne 8.000

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da Folha de S.Paulo

Cerca de 8.000 pessoas, incluindo as principais lideranças do PT, representantes de diversas religiões, amigos e moradores, transformaram o ato multirreligioso em Santo André, na tarde de ontem, em uma homenagem ao prefeito Celso Daniel (PT) e em uma manifestação contra a violência.

Mesmo antes da confirmação da morte de Celso Daniel, muitas pessoas já estavam no Paço Municipal da cidade, onde o ato foi realizado. Foi lá que, por volta das 12h30, o vice-prefeito João Avamileno anunciou a morte. "Perdemos o nosso prefeito", disse, bastante emocionado.

Uma faixa preta, de quase 35 metros, foi colocada na sede da prefeitura. Pessoas levaram bandeiras brancas, faixas e cartazes pedindo paz. Chorando, o promotor de venda Amaury Saraiva de Oliveira, 28, levou a mulher e duas filhas para o ato, antes mesmo de saber da morte. "Estou chocado, fiquei sabendo agora e não tenho palavras para descrever a dor que sinto", disse.

Em vários momentos durante o ato, em discursos feitos por autoridades religiosas, os governos estadual e federal foram criticados e alvos de pedidos de medidas eficazes de combate à violência.

Luiz Inácio Lula da Silva, como outros integrantes da cúpula petista, optou por não discursar. A cúpula do partido queria evitar que o ato ecumênico fosse transformado em discurso político.

O único que falou durante o ato foi o presidente nacional do partido, José Dirceu. "Não vamos mais enterrar prefeitos e prefeitas do PT, sem-terras, dirigentes rurais, padre e pastores, homens e mulheres do povo que só tem uma coisa para dar para o Brasil e para o povo: a vida. Só tem a vida, e é isso que tiram de nós", disse.

Os integrantes da cúpula do PT participaram do ato sentados em uma área reservada em frente ao palco. Lula, que estava acompanhado da mulher Marisa, estava emocionado e chorou durante quase todo o ato, que durou aproximadamente duas horas.

No único momento em que levantou durante o ato, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), aplaudiu o discurso de frei Betto.

"Estou tomado por uma atitude não muito cristã, que é de muita raiva. Raiva do governo de São Paulo, da polícia, da insegurança, da impunidade", disse.

Os aplausos foram seguidos de palavras de ordem. "Queremos justiça e paz", gritavam os que compareceram ao ato.

O tom de indignação voltou a se repetir em outros discursos. "O [governador] Geraldo Alckmin me ligou para prestar solidariedade e fui muito duro com ele, dizendo que só sua solidariedade não bastava. Queremos achar esses criminosos", disse o vice-prefeito João Avamileno.

"Também sinto raiva, mas prefiro prestar minha solidariedade. A esperança de um mundo melhor jamais será sequestrada ou morta", disse o rabino Henry Sobbel após frei Betto.

O corpo seria velado na Câmara. Parentes pediram para ficar 40 minutos com o corpo, antes de o velório ser aberto ao público.

Leia mais sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel






 

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