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Brasileira que fugiu do Líbano teme pela segurança dos filhos
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DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba
Grávida de seis meses de uma menina, a brasileira Nariman Osman Chiah, 21, que conseguiu fugir do Líbano levando o filho de seis anos após sofrer seguidas agressões do marido libanês, chegou ontem ao Brasil. Apesar do alívio por reencontrar a família, ela disse temer que o marido possa raptar os filhos caso consiga entrar no país pelo Paraguai.
Ela não podia deixar o Líbano por responder judicialmente a acusações do marido de abandono do lar e seqüestro do filho. "Tenho um pouco de medo. Ele pode entrar legalmente pelo Paraguai. Quando mandar as crianças à escola, vou avisar sempre quem pode ir pegá-las." Ela estava retida havia mais de dois meses em Beirute.
Nariman fugiu com o filho de um abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica, subornou a fiscalização na fronteira síria e viajou de táxi até Damasco (Síria), onde pediu ajuda à Embaixada brasileira.
Ela chegou ontem pela manhã ao aeroporto internacional de Guarulhos. Depois, voou a Curitiba, onde parentes a levariam a Matinhos, litoral do Estado, cidade natal da família descendente de libaneses.
A brasileira era casada havia sete anos com o libanês Ahmed Holeihel. Os dois se conheceram numa viagem da família dela a Beirute. Holeihel se mudou para o Brasil, mas se envolveu em contrabando de produtos eletrônicos do Paraguai. Se voltar, pode ser preso.
Nariman disse que o excesso de controle e os ciúmes de Holeihel sobre ela prejudicaram o casamento ainda no Brasil, onde os dois chegaram a se separar. Segundo ela, o marido a procurava para reatar com a promessa de que mudaria.
Nariman decidiu mudar com ele para Beirute no dia 20 de junho. No país do marido, "ele se transformou", disse ela, e passou a agredi-la.
Nariman foi para um abrigo de uma ONG e acabou processada em um tribunal religioso.
Proibida de deixar o país por causa do inquérito, planejou fugir com um guia até a fronteira síria, onde pagou o equivalente a US$ 50 para subornar um guarda da fronteira.
"Agora isso é passado. Os planos são cuidar dos meus filhos, trabalhar no restaurante dos meus pais e fazer o supletivo para terminar o segundo grau."
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