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23/01/2002 - 05h59

Quatro dias depois, apuração da morte do prefeito volta ao zero

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SÍLVIA CORRÊA
ALESSANDRO SILVA
GILMAR PENTEADO

da Folha de S.Paulo

Quatro dias depois do sequestro que terminou com o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), a polícia paulista recomeçou ontem as investigações do caso da estaca zero.

As únicas sete testemunhas que já haviam prestado depoimento à Polícia Civil foram reconvocadas a depor pela mesma Polícia Civil.

O reinício é justificado com o argumento de que o caso mudou de mãos. É verdade, e pela quarta vez. Seguiu para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) vindo do 26º DP (Sacomã) e da Seccional de Taboão da Serra, após uma passagem de dois dias pela Delegacia Anti-Sequestro da Capital.

Não é só. Foi também apenas ontem, quatro dias depois do sequestro e três após ter sido acionada, que a Polícia Federal instaurou o seu inquérito. É nele que será investigado se o caso teve motivação política.

No vaivém a polícia perde tempo e informações. Ainda não há o retrato falado dos homens que abordaram Celso Daniel, apesar de o empresário que o acompanhava ter sido ouvido por quatro horas na própria sexta-feira.

Os moradores que viram a abordagem também não foram ouvidos. E até um telefonema feito por um suspeito para o Palácio dos Bandeirantes -do qual o governador foi avisado dez minutos antes- não foi gravado. O governo diz que não houve tempo.

A pior consequência, porém, pode ter sido outra: a perda das imagens dos carros usados pelos sequestradores rodando nas ruas da cidade na noite de sexta.

São mais de cem câmeras da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na capital. Nas cenas, aparecem as placas dos veículos e até o rosto dos motoristas. Mas as de sexta e sábado já não existem.

Para que a polícia as tivesse checado, deveria ter comunicado a CET até duas horas após o horário do crime. Depois disso, quando as câmeras não registram acidentes importantes, as fitas são reutilizadas. O contato, porém, segundo a Prefeitura de São Paulo, só ocorreu na noite de domingo.

O governo do Estado conhece bem como funciona o sistema. Quando foi candidato a prefeito, Alckmin propôs que o número de câmeras fosse triplicado e que as imagens produzidas por elas deixassem de ser apagadas.

Os sete depoimentos colhidos ontem -pela segunda vez- foram acompanhados pelo Ministério Público, que entrou no caso após reunião com a polícia, que anteontem centralizou as investigações na delegacia que investiga a morte do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos (PT).

Foram ouvidos seis moradores das imediações da Estrada da Cachoeira -onde foi achado o corpo do prefeito- e o empresário Sérgio Gomes da Silva, que acompanhava Daniel na noite de sexta. Os moradores apenas ouviram barulhos, segundo a polícia.

"O enfoque do delegado que o ouviu na noite do crime era outro", afirmou o promotor Arual Martins, 40, justificando a necessidade de reconvocar Silva.

Além de Martins, outros quatro promotores vão acompanhar o caso. Na reunião com os policiais, eles definiram que as investigações irão seguir em sigilo.

O que a polícia sabe com certeza é que entre sete e nove tiros mataram o prefeito. Ele tinha marcas roxas nas costas, que podem ter sido provocados por uma arma, escoriações no braço e hematomas nas pernas. Houve agressão.


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