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28/01/2002
-
09h55
FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos
Dados fornecidos pelas direções nacionais de partidos e pesquisas em arquivos revelam que, nos últimos quatro anos, pelo menos 54 detentores de cargos eletivos no Brasil foram vítimas de violência _21 deles morreram.
Os assassinatos dos prefeitos Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em Campinas, e Celso Daniel, de Santo André, levaram alguns membros do PT a afirmar que existe uma ação articulada contra os políticos do partido.
O levantamento feito pela Agência Folha com prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais mostra que, de 54 casos de violência, 17 (31,5%) tiveram petistas como vítimas. Dos 21 assassinados, 5 (23,8%) são do partido.
Mas outras legendas são atingidas. Desde 98, o PSB teve dois prefeitos assassinados (Itapebi-BA e Floresta-PE), o PPB, um (Castro Alves-BA), e o PFL, um (Capitão de Campos-PI). Do PPS, foi assassinado um vice-prefeito (Mariluz-PR).
No PT, além dos casos recentes, Dorcelina Folador, prefeita de Mundo Novo (MS), também foi morta a tiros, em 99.
Dentre os que sobreviveram, há prefeitos do PSDB (Guarapuava-PR), PMDB (Camboriú-SC), PDT (Balneário Camboriú-SC), PL (Cubatão-SP) e PFL (Santa Luzia-MG). Nesse rol também estão os prefeitos de Betim (MG), Embu (SP) e Ribeirão Corrente (SP), todos petistas.
Os assassinatos de prefeitos de diferentes partidos levaram até a criação de uma entidade _a União das Viúvas e Famílias de Ex-Prefeitos Assassinados do Piauí_ que pressiona autoridades a apurarem os crimes.
Em 1999, a entidade chegou a produzir um dossiê detalhado sobre os casos de oito prefeitos assassinados no exercício do mandato no Estado entre os anos de 1989 e 1999. Em parte desses casos, os vice-prefeitos são apontados como mandantes dos homicídios.
Para o senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, apesar dos assassinatos e ameaças a membros do PT, não existe no Brasil uma onda de violência direcionada ao partido. 'Não vou entrar nessa paranóia de que o crime contra o Celso Daniel seja político. Estamos vivendo, como nunca vivemos, um processo democrático. Não vejo no Brasil clima para alguém imaginar que exista perseguição política', disse.
Dossiê
No dia 6 de dezembro, a direção do PT enviou ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, um documento contendo o relato de 81 casos de violência contra membros do partido, para os quais foram solicitadas providências.
Um dos subscritores da correspondência ao ministro, o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirma que os políticos petistas se tornaram alvo preferencial da violência política porque tentam adotar medidas que se chocam contra interesses de grupos oligárquicos e do crime organizado.
"Há uma intolerância crescente no país em relação às formas de se administrar as divergências políticas. O jogo democrático não é suficiente, o que revela a fragilidade da nossa democracia", disse.
Para o cientista político Fernando Abrucio, professor da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas, os recentes casos envolvendo o PT não são resultado de um aumento dos crimes de natureza política, mas reflexo da visibilidade que o 'avanço' da democracia no país deu a esses casos.
"O Brasil já foi muito mais violento. Nunca ampliamos tanto a democracia como atualmente. Hoje, esses fatos negativos só têm essa visibilidade por causa do avanço da democracia, o que é um fato positivo", afirmou.
Desde 98, crimes atingiram 54 políticos no Brasil
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da Agência Folha, em Santos
Dados fornecidos pelas direções nacionais de partidos e pesquisas em arquivos revelam que, nos últimos quatro anos, pelo menos 54 detentores de cargos eletivos no Brasil foram vítimas de violência _21 deles morreram.
Os assassinatos dos prefeitos Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em Campinas, e Celso Daniel, de Santo André, levaram alguns membros do PT a afirmar que existe uma ação articulada contra os políticos do partido.
O levantamento feito pela Agência Folha com prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais mostra que, de 54 casos de violência, 17 (31,5%) tiveram petistas como vítimas. Dos 21 assassinados, 5 (23,8%) são do partido.
Mas outras legendas são atingidas. Desde 98, o PSB teve dois prefeitos assassinados (Itapebi-BA e Floresta-PE), o PPB, um (Castro Alves-BA), e o PFL, um (Capitão de Campos-PI). Do PPS, foi assassinado um vice-prefeito (Mariluz-PR).
No PT, além dos casos recentes, Dorcelina Folador, prefeita de Mundo Novo (MS), também foi morta a tiros, em 99.
Dentre os que sobreviveram, há prefeitos do PSDB (Guarapuava-PR), PMDB (Camboriú-SC), PDT (Balneário Camboriú-SC), PL (Cubatão-SP) e PFL (Santa Luzia-MG). Nesse rol também estão os prefeitos de Betim (MG), Embu (SP) e Ribeirão Corrente (SP), todos petistas.
Os assassinatos de prefeitos de diferentes partidos levaram até a criação de uma entidade _a União das Viúvas e Famílias de Ex-Prefeitos Assassinados do Piauí_ que pressiona autoridades a apurarem os crimes.
Em 1999, a entidade chegou a produzir um dossiê detalhado sobre os casos de oito prefeitos assassinados no exercício do mandato no Estado entre os anos de 1989 e 1999. Em parte desses casos, os vice-prefeitos são apontados como mandantes dos homicídios.
Para o senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, apesar dos assassinatos e ameaças a membros do PT, não existe no Brasil uma onda de violência direcionada ao partido. 'Não vou entrar nessa paranóia de que o crime contra o Celso Daniel seja político. Estamos vivendo, como nunca vivemos, um processo democrático. Não vejo no Brasil clima para alguém imaginar que exista perseguição política', disse.
Dossiê
No dia 6 de dezembro, a direção do PT enviou ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, um documento contendo o relato de 81 casos de violência contra membros do partido, para os quais foram solicitadas providências.
Um dos subscritores da correspondência ao ministro, o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirma que os políticos petistas se tornaram alvo preferencial da violência política porque tentam adotar medidas que se chocam contra interesses de grupos oligárquicos e do crime organizado.
"Há uma intolerância crescente no país em relação às formas de se administrar as divergências políticas. O jogo democrático não é suficiente, o que revela a fragilidade da nossa democracia", disse.
Para o cientista político Fernando Abrucio, professor da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas, os recentes casos envolvendo o PT não são resultado de um aumento dos crimes de natureza política, mas reflexo da visibilidade que o 'avanço' da democracia no país deu a esses casos.
"O Brasil já foi muito mais violento. Nunca ampliamos tanto a democracia como atualmente. Hoje, esses fatos negativos só têm essa visibilidade por causa do avanço da democracia, o que é um fato positivo", afirmou.
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