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04/02/2002 - 05h12

Crime financia movimentos revolucionários

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IGOR GIELOW
da Agência Folha

A associação entre o sequestro do publicitário Washington Olivetto e grupos de esquerda latino-americanos como as Farc, se não passar de fantasia policial, confirma uma realidade delineada nos últimos anos: o envolvimento em crimes de algumas causas políticas na região.

Os grupos revolucionários que lutaram contra regimes militares na região a partir dos anos 60 perderam, com o fim da Guerra Fria, sua razão ideológica. Mais: perderam o financiamento que a antiga União Soviética, China e Cuba forneciam.

Com isso, passaram a buscar alternativas para financiar suas atividades. O paradigma é o Sendero Luminoso, grupo peruano que nos anos 80 se aproximou da criminalidade comum ao se associar a narcotraficantes.

Acabou desmantelado pela repressão do governo Alberto Fujimori (1990-2001), ainda que ensaie de tempos em tempos uma volta.

Mas o modelo havia sido lançado. Na vizinha Colômbia, os dois mais tradicionais grupos guerrilheiros de esquerda ganharam força na década de 90 justamente por reforçar sua caixa com associações criminosas.

De orientação marxista, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELP (Exército de Libertação Popular) negam usar dinheiro do narcotráfico em suas ações, apesar de as evidências serem abundantes.

Mas se calam em relação aos sequestros -dos 3.041 casos ocorridos na Colômbia em 2001, 1.757 foram atribuídos aos dois grupos. Os paramilitares de direita também estão na indústria, mas em número menor, com 262 ações.

O caso colombiano ganha complexidade quando se lembra que tanto as Farc como o ELP são reconhecidos pelo governo.

O que é correto, uma vez que só existe uma possibilidade de paz hoje na Irlanda do Norte porque o IRA (Exército Republicano Irlandês) foi reconhecido pelo governo britânico como parte a ser ouvida em negociações -por meio de seu braço político, o Sinn Féin.

Mas a continuação da violência num contexto em que a ação é legitimada politicamente mostra a dificuldade com que se depara o governo da Colômbia, algo que remete à própria discussão sobre o que é terrorismo.

"Em resumo, terrorista para um é guerreiro da liberdade para outro", tenta sentenciar o "Dicionário de Política" da Oxford University Press.

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