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04/02/2002
-
08h03
PLÍNIO FRAGA
da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre
Com o temor de eventuais efeitos eleitorais, a cúpula do PT reagiu ontem com uma clara condenação ao sequestro, seja por grupos políticos ou por razão política. A decisão foi tomada ao receber informações de fontes não-oficiais vinculando os responsáveis pelo sequestro de Washington Olivetto à esquerda chilena e até mesmo aos responsáveis pela manutenção em cativeiro do empresário Abílio Diniz em 1989.
"Não temos nenhuma intenção de ter nenhuma política de nenhum tipo de condescendência com um ato de sequestro. Se ele é praticado por A ou B, não nos interessa. (...) É um ato criminoso, tem de ser repelido. Temos de banir isso da sociedade brasileira. Se só estrangeiros o fizeram, isso é só agravante", afirmou o presidente do PT, José Dirceu.
Durante entrevista no Fórum Social Mundial, Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do partido à Presidência, não quis comentar as especulações sobre o caso: 'Meu especialista para responder a assuntos sobre sequestro é o meu comandante, José Dirceu'.
O presidente do PT, então, evitou trabalhar com a hipótese do envolvimento de grupos políticos no sequestro. 'Quem sabe são as autoridades policiais. Não nos diz respeito isso. (...) Sempre protestamos, repudiamos e repelimos aquela ação criminosa, que afetou as eleições, prejudicou o PT e vai contra a nossa democracia.'
O medo do partido é que eventuais manipulações da polícia, de políticos ou da mídia possa repetir o ocorrido em 1989, quando os responsáveis pelo sequestro de Abílio Diniz foram vinculados ao PT no dia (17 de dezembro) da realização do segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
'Acho que, como no caso do Celso Daniel, é um erro vazar para a imprensa informações e fazer uso político dessas informações', disse José Dirceu.
Em 1989, a polícia foi acusada de vestir e fotografar os presos com camisetas do PT, mas a investigação foi arquivada dois anos depois, por falta de provas.
Após seis dias de sequestro e 36 horas de cerco ao cativeiro, os criminosos libertaram Diniz e foram presos quase no mesmo momento em que as urnas eram fechadas.
Os sequestradores -nove estrangeiros e um brasileiro- afirmaram ser integrantes do MIR do Chile (Movimento da Esquerda Revolucionária) e que o dinheiro do resgate (US$ 30 milhões) seria usado em ações políticas.
'Não se pode fazer uso político disso. Não há provas, ninguém tem elementos para afirmar', declarou ontem Dirceu.
Em 1999, petistas participaram de mobilização para que os sequestradores de Diniz, depois de terem cumprido um terço da pena a que foram condenados, pudessem ter direito a liberdade assistida em seus países de origem.
Formalmente, o partido não se envolveu no caso, mas suas lideranças sim. Lula os visitou para fazer um apelo para que suspendessem greve de fome que faziam.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) negou vínculo do sequestro de Washington Olivetto com o caso Diniz. "Salvo engano, segundo as últimas informações que eu tenho, as pessoas envolvidas [presas em 1989] estão em seus respectivos países trabalhando."
Saiba tudo no especial sobre o sequestro de Washington Olivetto
Com receio de efeitos eleitorais, PT condena sequestro
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da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre
Com o temor de eventuais efeitos eleitorais, a cúpula do PT reagiu ontem com uma clara condenação ao sequestro, seja por grupos políticos ou por razão política. A decisão foi tomada ao receber informações de fontes não-oficiais vinculando os responsáveis pelo sequestro de Washington Olivetto à esquerda chilena e até mesmo aos responsáveis pela manutenção em cativeiro do empresário Abílio Diniz em 1989.
"Não temos nenhuma intenção de ter nenhuma política de nenhum tipo de condescendência com um ato de sequestro. Se ele é praticado por A ou B, não nos interessa. (...) É um ato criminoso, tem de ser repelido. Temos de banir isso da sociedade brasileira. Se só estrangeiros o fizeram, isso é só agravante", afirmou o presidente do PT, José Dirceu.
Durante entrevista no Fórum Social Mundial, Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do partido à Presidência, não quis comentar as especulações sobre o caso: 'Meu especialista para responder a assuntos sobre sequestro é o meu comandante, José Dirceu'.
O presidente do PT, então, evitou trabalhar com a hipótese do envolvimento de grupos políticos no sequestro. 'Quem sabe são as autoridades policiais. Não nos diz respeito isso. (...) Sempre protestamos, repudiamos e repelimos aquela ação criminosa, que afetou as eleições, prejudicou o PT e vai contra a nossa democracia.'
O medo do partido é que eventuais manipulações da polícia, de políticos ou da mídia possa repetir o ocorrido em 1989, quando os responsáveis pelo sequestro de Abílio Diniz foram vinculados ao PT no dia (17 de dezembro) da realização do segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
'Acho que, como no caso do Celso Daniel, é um erro vazar para a imprensa informações e fazer uso político dessas informações', disse José Dirceu.
Em 1989, a polícia foi acusada de vestir e fotografar os presos com camisetas do PT, mas a investigação foi arquivada dois anos depois, por falta de provas.
Após seis dias de sequestro e 36 horas de cerco ao cativeiro, os criminosos libertaram Diniz e foram presos quase no mesmo momento em que as urnas eram fechadas.
Os sequestradores -nove estrangeiros e um brasileiro- afirmaram ser integrantes do MIR do Chile (Movimento da Esquerda Revolucionária) e que o dinheiro do resgate (US$ 30 milhões) seria usado em ações políticas.
'Não se pode fazer uso político disso. Não há provas, ninguém tem elementos para afirmar', declarou ontem Dirceu.
Em 1999, petistas participaram de mobilização para que os sequestradores de Diniz, depois de terem cumprido um terço da pena a que foram condenados, pudessem ter direito a liberdade assistida em seus países de origem.
Formalmente, o partido não se envolveu no caso, mas suas lideranças sim. Lula os visitou para fazer um apelo para que suspendessem greve de fome que faziam.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) negou vínculo do sequestro de Washington Olivetto com o caso Diniz. "Salvo engano, segundo as últimas informações que eu tenho, as pessoas envolvidas [presas em 1989] estão em seus respectivos países trabalhando."
Saiba tudo no especial sobre o sequestro de Washington Olivetto
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