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05/02/2002 - 08h16

Sequestradores de Diniz levam "vida normal"

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GABRIELA ATHIAS
da Folha de S.Paulo

A atual rotina dos dez sequestradores que mantiveram o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, por seis dias em cativeiro, em dezembro de 1989, guarda poucas semelhanças com o dia-a-dia dos então guerrilheiros que planejavam financiar, com o dinheiro dos Diniz, a Frente Farabundo Martí de Libertação (FMLN), de El Salvador.

O grupo foi preso em dezembro de 1989, e o empresário libertado. Julgados, receberam penas de no mínimo 26 anos de reclusão. Cumpriram entre oito e dez em regime fechado (dependendo da sentença de cada um) no Complexo do Carandiru, em São Paulo.

Depois disso, várias negociações diplomáticas possibilitaram que os estrangeiros fossem transferidos para seus países de origem. Todos já conseguiram liberdade condicional em razão de terem cumprido um terço da pena em regime fechado.

A reportagem apurou com brasileiros próximos do grupo (que não quiseram se identificar) a rotina dos sequestradores de Diniz -dois canadenses, cinco chilenos, dois argentinos e um brasileiro. Todos estão tentando reconstituir a vida profissional e familiar.

David Spencer, 38, e Christine Gwen Lamont, 41, foram transferidos em novembro de 1998 para prisões canadenses. Saíram em liberdade condicional três meses depois de chegar ao país.
Spencer e Lamont casaram-se e trabalham como produtores cinematográficos em Vancouver, no sudoeste do país.

O único brasileiro é o cearense Raimundo Rosélio Costa Freire, 37, que no fim dos anos 80 militava no Movimento de Isquierda Revolucionária (MIR), do Chile. Hoje, Freire trabalha na gráfica do Sindicato dos Bancários, em Fortaleza, está terminando o curso de história na Universidade Estadual do Ceará e já planeja o mestrado.

Os irmãos argentinos Humberto e Horácio Paz enfrentam, segundo o jornalista brasileiro, as mesmas dificuldades financeiras da maioria dos argentinos. Os dois foram transferidos para o seu país em 2000 e conseguiram liberdade condicional.

Humberto, que hoje trabalha no departamento comercial de uma editora, é o mais disposto a falar com a imprensa. O irmão, Horácio, é operário da construção civil.

Do grupo dos chilenos, é Maria Emília Marchi, 53, que ainda carrega no corpo sequelas do cárcere brasileiro. Ela, que é ítalo-chilena, teria sido vítima frequente de torturas, durante os primeiros dias na prisão, para indicar o local do cativeiro de Diniz.

Supostas sessões de afogamento em água salgada seriam as responsáveis pela fissura no pulmão de Emília. "Ela tem dificuldades para respirar", diz um amigo dela. Maria Emília casou-se com Ulisses Gallardo Acevedo, 46, outro sequestrador de Diniz, e trabalha como fiscal de estradas do Ministério de Obras Públicas, em Santiago, a capital chilena.

Acevedo trabalha na mesma agência de publicidade que Pedro Lembach, que também participou do sequestro.

Não foram obtidas informações precisas sobre o paradeiro de Héctor Ramón Collante Tápia, que estaria vivendo no interior do país, e de Sérgio Olivares.

Os poucos sequestradores de Diniz que falaram à imprensa nos últimos dias o fizeram para afirmar que não há ligação entre o grupo deles, que hoje já estaria desfeito, e a quadrilha que sequestrou o publicitário Washington Olivetto no dia 11 de dezembro passado.

O "grupo chileno" divulgará um comunicado negando qualquer ligação com o caso Olivetto.

Saiba tudo no especial sobre o sequestro de Washington Olivetto

 

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