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06/02/2002 - 06h02

Grupo chileno pode ter libertado sequestrado no Brasil em 1987

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ROGERIO WASSERMANN
enviado especial a Santiago

As ações anteriores da FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez) -grupo guerrilheiro do qual é comandante militar Maurício Hernández Norambuena, 43, líder do sequestro do publicitário Washington Olivetto- permitem imaginar que a organização mantinha vínculos no Brasil há mais de uma década.

Em 2 de dezembro de 1987, uma facção do grupo supostamente liderada por Hernández libertou em São Paulo o coronel do Exército chileno Carlos Carreño, sequestrado 92 dias antes no Chile.

O caso nunca foi desvendado pela polícia e ninguém foi preso, mas o grupo assumiu a sua autoria. Carreño teria sido transportado do Chile ao Brasil, passando por pelo menos dois controles fronteiriços (cruzando a Argentina), num caminhão de carga.

Segundo o jornalista chileno Udo Gonçalves, 31, ex-militante de movimentos esquerdistas e especialista na história da FPMR, a ação teria sido feita num momento de forte disputa interna, entre a facção mais "moderada" do grupo e outra que defendia a manutenção da luta armada.

Hernández, líder da última facção, teria comandado o sequestro de Carreño como efeito de "propaganda", para provar à outra facção que tinha condições materiais e recursos humanos para ações de grande envergadura.

Segundo Gonçalves, a disputa interna gerou também desconcerto nas forças policiais. Para tentar forçar a libertação de Carreño, a então CNI (Central de Inteligência Nacional) teria sequestrado quatro "frentistas", como moeda de troca. Mas, como pertenciam à facção "moderada", os sequestradores se negaram a negociar e os quatro foram mortos.

Gonçalves diz acreditar que o sequestro de Olivetto tenha sido motivado por uma necessidade rápida de caixa para financiar a manutenção da estrutura do grupo militar da FPMR/Dissidente, como hoje é conhecida a facção que insiste na luta armada. "Poderiam estar preparando alguma ação mais ousada", diz.

Gonçalves considera implausível que o sequestro de Olivetto objetivasse arrecadar fundos para as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Isso porque as Farc têm seu financiamento garantido pelos sequestros cometidos em sua própria área de atuação e pelos impostos cobrados dos plantadores de coca e dos narcotraficantes.
 

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