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21/02/2002 - 13h02

Líder do PCC faz "tour" em presídios do país

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MILENA BUOSI
da Folha Online

O assaltante de bancos Marcos Herbas Camacho, 34, o Marcola, um dos líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foi transferido quatro vezes de presídios em um ano. Ele esteve em penitenciárias de São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Goiás. Seu último paradeiro conhecido foi em Aparecida de Goiânia, onde ficou até a última sexta-feira.

Especula-se que o assaltante tenha retornado a Brasília ou levado a Minas. Os governos federal e de São Paulo não informam onde Marcola está detido e suas transferências são mantidas em sigilo.

Brasília nega que ele tenha retornado à Papuda. "Fizemos um sacrifício para ele sair daqui", afirmou o coordenador de comunicação da Secretaria da Segurança Pública, coronel João Vítola. "Para cá ele não voltou."

Em Minas, a Secretaria da Justiça informou que, oficialmente, não há registro de nenhum preso com o nome de Marcos Camacho no sistema penitenciário.

A informação sobre o paradeiro do assaltante foi uma das principais reivindicações dos integrantes do PCC que se amotinaram em São Paulo na última segunda-feira, um ano após a megarrebelião que atingiu 29 unidades prisionais do Estado. No dia, 11 detentos morreram _a maioria, rival do PCC.

Apaixonado por romances policiais, Marcola seria considerado um dos "cérebros" da facção.
Segundo advogados de presos, ele é "muito querido" entre os integrantes do PCC.

Comando

Marcola está na 2ª linha de comando da facção. Natural de Osasco, na Grande São Paulo, ele foi condenado a 22 anos de prisão por assaltos e tráfico. Foi detido pela primeira vez em 1986, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.

Acima dele no comando estão José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, detidos no Rio.

Outros dois líderes que faziam parte da 1ª linha de comando, Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, e Misael Aparecido da Silva, o Misa, foram assassinados. Este último, morreu ontem na Penitenciária de Presidente Venceslau. Os dois teriam sido assassinados pelos próprios integrantes do PCC.

Marcola foi um dos responsáveis por organizar a megarrebelião em 18 de fevereiro de 2001. Dois dias antes, pelo menos cinco líderes da facção foram transferidos do complexo do Carandiru, na zona norte de São Paulo, para outros presídios. A maioria foi para a Casa de Custódia de Taubaté. Marcola foi para Ijuí, no Rio Grande do Sul.

A transferência foi o principal motivo da megarrebelião, organizada por meio de celulares. Os integrantes do PCC defendem a desativação da Casa de Custódia, presídio com rígidas regras.

Antes da megarrebelião, em dezembro de 2000, Marcola e Sombra estavam em Taubaté e foram responsáveis por um motim, que resultou na morte de nove detentos. Três deles foram decapitados.

Marcola permaneceu no Rio Grande do Sul por cerca de um mês. Os moradores de Ijuí exigiram a saída do detento do município. A permanência dele no Sul foi rejeitada e o governo estadual decidiu 'devolver' o assaltante para São Paulo, com a alegação de que a situação nos presídios do Estado paulista já estava controlada, após dias da megarrebelião.

Com as informações de que ele seria novamente levado para Taubaté, integrantes do partidos nos presídios de São Paulo ameaçaram realizar nova rebelião. Em março, Marcola foi, então levado para o presídio da Papuda, em Brasília, onde ficou isolado, em área de segurança máxima.

Cerca de três meses depois, por decisão judicial, Marcola foi levado para uma cela comum onde poderia conviver com os demais presos. A alegação foi de que a cela onde ele estava anteriormente não tinha boas condições estruturais.

Filial

Marcola foi novamente levado para a área de segurança máxima após ser acusado de tentar organizar uma filial do PCC na Papuda. Ele teria distribuído um 'estatuto' aos presos com dez regras. Entre elas estaria a punição com morte para integrantes que praticassem extorsão ou estupro ou que delatassem companheiros. Outra medida seria a formação de um 'caixa' para compras de armas e financiamento de fugas.

Em 8 de fevereiro deste ano, ele foi levado para Goiânia. O assaltante ficou até o último dia 15 em uma cela chamada "solarium". Segundo o presídio, a luz solar entra no local apenas pelas grades da janela, para evitar que o preso saia para o banho de sol. Marcola não recebeu visitas.

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