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Nayara participa da reconstituição da morte de Eloá em Santo André (SP)
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da Folha Online
do Agora
A adolescente Nayara Rodrigues, 15, participa nesta quarta-feira da reconstituição do assassinato de Eloá Cristina Pimentel, 15, em Santo André (Grande São Paulo). Eloá foi morta após ser mantida por cerca de cem horas em cárcere privado e ser atingida por um tiro na cabeça, disparado pelo ex-namorado Lindemberg Alves, 22.
Com a reconstituição, a polícia espera verificar como foram os momentos-chave que antecederam a morte de Eloá, ocorrida em 17 de outubro, no apartamento onde a menina morava.
Fernando Donasci/Folha Imagem |
Nayara no momento em que voltou ao apartamento em Santo André; jovem participa da reconstituição do assassinato de Eloá |
A presença de Nayara não é obrigatória, entretanto o advogado que a representa garantiu que ela voltará ao apartamento onde foi mantida refém com a amiga. "Fizemos um acordo com o delegado [Sérgio Luditza] e exigimos a presença dos advogados da família, da psicóloga que a acompanha e do Conselho Tutelar. Queremos colaborar com o Estado", afirmou Marcelo Augusto de Oliveira, um dos advogados contratados pela família da Nayara.
Conforme Oliveira, a menina não representará a si própria: ela irá orientar uma policial, que fará seu papel, sobre como agiu e o que viu durante o cativeiro e a invasão do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) ao apartamento. Nayara deve ser acompanhada por uma psicóloga e pelo Conselho Tutelar.
O delegado seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos, diz que serão reconstituídos quatro momentos: 1) a entrada de Lindemberg no apartamento; 2) a libertação de Nayara; 3) o retorno da garota ao cativeiro; e 4) a invasão do Gate ao apartamento.
Desde ontem, moradores do conjunto habitacional Jardim Santo André, onde o crime ocorreu, reclamavam dos transtornos da reconstituição.
Muitos afirmam terem recebido orientações da Polícia Civil sobre "restrição de liberdade de movimento" no edifício, "para não atrapalhar o trabalho". "Vamos virar reféns de novo disso. A polícia disse que não devemos nos movimentar, sem entrada e saída constante", diz a aposentada Alzira Cesário, 65 anos.
A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg, disse que o seu cliente não vai participar da reconstituição. "Pela legislação penal ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. A Justiça foi informada e a decisão foi aceita na semana passada", afirmou. Um policial fará seu papel.
Para simular a invasão, só cinco integrantes do Gate que participaram da equipe tática, comandada pelo tenente Paulo Sérgio Schiavo, estarão presentes. O comandante do grupo e responsável pela negociação do seqüestro, capitão Adriano Giovaninni, não irá participar.
Caso
Inconformado com o fim do namoro de mais de dois anos, Lindemberg Fernandes Alves decidiu render a ex-namorada no dia 13 de outubro. Na ocasião, ela estava em companhia de três amigos --dois garotos liberados no mesmo dia e de Nayara que, apesar de ter sido libertada 33 horas depois, retornou ao apartamento no dia 16 de outubro.
A Polícia Militar afirmou que invadiu o apartamento na sexta-feira (17/10) após ouvir um tiro e porque o comportamento de Alves, durante tarde, era muito agressivo. Alves está preso no presídio 2 de Tremembé (a 147 km de São Paulo).
15.out.08/Folha Imagem |
Eloá na janela do apartamento da família enquanto era mantida refém, em Santo André. |
Acusações
Lindemberg foi denunciado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), em relação à Eloá, uma tentativa de homicídio duplamente qualificado, por ter atirado contra a amiga da ex-namorada, Nayara Rodrigues, 15, e uma tentativa de homicídio qualificado por ter feito disparos contra o sargento da Polícia Militar. Ele permanece preso em Tremembé (147 km de São Paulo).
A denúncia contra Lindemberg inclui ainda cinco acusações por cárcere privado qualificado, por ter mantido como reféns Eloá, Nayara por duas vezes, e outros dois colegas das adolescentes que estavam no apartamento quando a residência foi invadida por ele. O réu também foi denunciado quatro vezes por disparo de arma de fogo.
Vítimas
Eloá foi baleada na cabeça e teve morte cerebral no dia seguinte. O enterro reuniu cerca de dez mil pessoas. A família da jovem doou os seus órgãos.
Nayara teve ferimentos no rosto e na mão. Antes de receber alta, a menina Nayara passou por um novo procedimento ortodôntico. Ela colocou um aparelho para dar sustentabilidade aos dentes.
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