Após um ano, geólogo diz que morte de menina em Caraíbas (MG) foi provocada por terremoto

O tremor de terra que atingiu o vilarejo de Caraíbas (MG) há um ano, causando o desabamento de casas e a morte de uma menina de 5 anos, foi mesmo provocado por um terremoto. A conclusão faz parte de um estudo do geólogo Cristiano Chimpliganond, do Observatório Sismológico da UnB (Universidade de Brasília).

O terremoto atingiu 4,9 pontos na escala Richter, considerado moderado. Ele começou por volta das 0h05 do dia 9 de dezembro de 2007 e durou cerca de 15 segundos. Sete meses antes do fenômeno, moradores já vinham relatando tremores e a região estava sendo monitorada pelos técnicos da UnB.

Dez.2007/Divulgação

Tremor de terra destrói imóveis e causa morte de criança em Caraíbas, em Minas

Na época, especialistas divergiram sobre as causas do tremor. Alguns deles apontaram a possibilidade de que fosse resultado da movimentação de rochas no subsolo, devido à presença de muitas cavernas naquela região.

Chimpliganond analisou dados registrados por sismógrafos instalados no vilarejo, que fica na cidade de Itacarambi (662 km de Belo Horizonte). Segundo ele, foi possível identificar a existência de uma falha geológica sob a região, de quatro quilômetros de extensão por dois de largura.

Ele diz que a destruição em Caraíbas foi causada por três fatores. O primeiro é a profundidade do tremor, de dois a três quilômetros, considerado raso. Além disso, energia liberada foi equivalente à da detonação de 32 mil toneladas de explosivos. O último --e mais importante-- é a má qualidade das casas.

Para o geólogo, a morte da menina Jesiquele da Silva, atingida no desabamento de sua casa, poderia ter sido evitada se a construção fosse de alvenaria, com estrutura de tijolo. Ele considera segura a volta dos moradores ao local, desde que vivam em casas de alvenaria. Após o terremoto, o governo de Minas construiu casas para as famílias desabrigadas.

"A probabilidade de um novo tremor como aquele em Caraíbas é muito alta. Acho que é possível construir casas de novo no local. Uma casa convencional de alvenaria agüenta um tremor como aquele tranqüilamente", disse.

De outubro de 2007 a agosto deste ano, a UnB registrou quase 700 tremores na região.