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14/03/2002
-
21h31
MAURÍCIO THUSWOHL
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
O Hospital Geral Alberto Torres, reinaugurado no dia 8 de março pelo governador Anthony Garotinho (PSB) em São Gonçalo (cidade a 25 km do Rio), está funcionando com apenas 15% de sua capacidade, por falta de médicos e equipamentos.
Construído numa área de 13 mil metros quadrados, o hospital deveria solucionar a precariedade do atendimento médico no município, mas tem disponíveis apenas 35 de seus 263 leitos. Os serviços de ultra-som, mamografia e tomografia computadorizada não estão funcionando por falta de equipamentos.
O mesmo hospital já havia sido inaugurado, em 1998, pelo então governador Marcello Alencar (PSDB), que também estava prestes a deixar o governo. Na ocasião, o hospital só funcionava até às 16h, não abria aos sábados e recusava pacientes graves. Meses depois, foi fechado por Garotinho, que assumira o governo estadual.
A mesma situação acontece em outros três hospitais que Garotinho está inaugurando ou pretende inaugurar antes de deixar o governo, no início de abril, para concorrer à Presidência da República.
Inaugurado em fevereiro, em Itaboraí (a 45 km do Rio), o Hospital Prefeito João Baptista Cáffaro, com cem leitos, até agora não disponibilizou os 40 leitos previstos no plano de combate à dengue. Com inauguração prevista para abril, os hospitais gerais de Araruama (região dos lagos) e São João de Meriti (Baixada Fluminense) também vão começar a operar de forma precária.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, Garotinho "faz apenas sua campanha para presidente" ao inaugurar hospitais ainda não operacionais: "O mais grave é iludir a população. Recebemos denúncias de pessoas que aguardaram seis horas em São Gonçalo até descobrir que não havia ninguém para atendê-las".
Segundo o sindicato, a falta de pessoal acontece porque o concurso público realizado no ano passado pelo Estado não previu o preenchimento de quadros nesses hospitais.
"Colocam para trabalhar nessas unidades médicos contratados temporariamente", disse Darze.
A paralisação de outras duas obras do governo _a construção do emissário submarino da Barra da Tijuca (zona oeste) e o prolongamento da linha 1 do metrô_ também causa polêmica.
O vereador Luiz Guaraná (PFL), que conseguiu aprovar uma CPI para apurar os motivos da paralisação das obras do emissário, afirma que o governo não tem mais dinheiro em caixa para tocar o projeto: "Já reduziram o orçamento de R$ 330 milhões para R$ 118 milhões. Isso é um sinal claro de falência".
Para o deputado estadual Chico Alencar (PT), a falta de verbas foi o motivo da paralisação das obras do metrô. "De uns meses pra cá, as empreiteiras vêm tendo dificuldade em receber."
Outro Lado
O governador Anthony Garotinho (PSB) classificou como "irresponsáveis" os que criticam a inauguração do Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo.
"Quem reclama faz politicagem. Nenhum hospital começa a operar já com 100% de sua capacidade", afirmou.
Garotinho disse que o hospital estará funcionando, com todos os leitos e equipamentos operando, em 30 dias.
Em nota divulgada hoje, a Secretaria Estadual de Saúde informou que já foram investidos R$ 26 milhões no hospital e que desde a inauguração "o governo já anunciava que o funcionamento do hospital seria gradativo".
O secretário estadual de Saneamento, Luiz Henrique Lima, negou que as obras do emissário da Barra da Tijuca (zona oeste) estejam paralisadas.
Ele afirmou que só a construção do píer, "que representa 10% do emissário", está interrompida.
"Encontramos um obstáculo rochoso de arenito e vamos ter que substituir as máquinas por outras mais potentes", disse o secretário.
Procurado pela Folha, o secretário estadual de Transportes, Albuíno Azeredo, não havia sido encontrado até as 19h de hoje.
Garotinho inaugura hospitais não operacionais
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
O Hospital Geral Alberto Torres, reinaugurado no dia 8 de março pelo governador Anthony Garotinho (PSB) em São Gonçalo (cidade a 25 km do Rio), está funcionando com apenas 15% de sua capacidade, por falta de médicos e equipamentos.
Construído numa área de 13 mil metros quadrados, o hospital deveria solucionar a precariedade do atendimento médico no município, mas tem disponíveis apenas 35 de seus 263 leitos. Os serviços de ultra-som, mamografia e tomografia computadorizada não estão funcionando por falta de equipamentos.
O mesmo hospital já havia sido inaugurado, em 1998, pelo então governador Marcello Alencar (PSDB), que também estava prestes a deixar o governo. Na ocasião, o hospital só funcionava até às 16h, não abria aos sábados e recusava pacientes graves. Meses depois, foi fechado por Garotinho, que assumira o governo estadual.
A mesma situação acontece em outros três hospitais que Garotinho está inaugurando ou pretende inaugurar antes de deixar o governo, no início de abril, para concorrer à Presidência da República.
Inaugurado em fevereiro, em Itaboraí (a 45 km do Rio), o Hospital Prefeito João Baptista Cáffaro, com cem leitos, até agora não disponibilizou os 40 leitos previstos no plano de combate à dengue. Com inauguração prevista para abril, os hospitais gerais de Araruama (região dos lagos) e São João de Meriti (Baixada Fluminense) também vão começar a operar de forma precária.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, Garotinho "faz apenas sua campanha para presidente" ao inaugurar hospitais ainda não operacionais: "O mais grave é iludir a população. Recebemos denúncias de pessoas que aguardaram seis horas em São Gonçalo até descobrir que não havia ninguém para atendê-las".
Segundo o sindicato, a falta de pessoal acontece porque o concurso público realizado no ano passado pelo Estado não previu o preenchimento de quadros nesses hospitais.
"Colocam para trabalhar nessas unidades médicos contratados temporariamente", disse Darze.
A paralisação de outras duas obras do governo _a construção do emissário submarino da Barra da Tijuca (zona oeste) e o prolongamento da linha 1 do metrô_ também causa polêmica.
O vereador Luiz Guaraná (PFL), que conseguiu aprovar uma CPI para apurar os motivos da paralisação das obras do emissário, afirma que o governo não tem mais dinheiro em caixa para tocar o projeto: "Já reduziram o orçamento de R$ 330 milhões para R$ 118 milhões. Isso é um sinal claro de falência".
Para o deputado estadual Chico Alencar (PT), a falta de verbas foi o motivo da paralisação das obras do metrô. "De uns meses pra cá, as empreiteiras vêm tendo dificuldade em receber."
Outro Lado
O governador Anthony Garotinho (PSB) classificou como "irresponsáveis" os que criticam a inauguração do Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo.
"Quem reclama faz politicagem. Nenhum hospital começa a operar já com 100% de sua capacidade", afirmou.
Garotinho disse que o hospital estará funcionando, com todos os leitos e equipamentos operando, em 30 dias.
Em nota divulgada hoje, a Secretaria Estadual de Saúde informou que já foram investidos R$ 26 milhões no hospital e que desde a inauguração "o governo já anunciava que o funcionamento do hospital seria gradativo".
O secretário estadual de Saneamento, Luiz Henrique Lima, negou que as obras do emissário da Barra da Tijuca (zona oeste) estejam paralisadas.
Ele afirmou que só a construção do píer, "que representa 10% do emissário", está interrompida.
"Encontramos um obstáculo rochoso de arenito e vamos ter que substituir as máquinas por outras mais potentes", disse o secretário.
Procurado pela Folha, o secretário estadual de Transportes, Albuíno Azeredo, não havia sido encontrado até as 19h de hoje.
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