Senador usa tribuna para pedir desculpas à família de torcedor morto no DF

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ocupou a tribuna do Senado nesta sexta-feira para pedir desculpas à família do torcedor são-paulino Nilton César de Jesus --que morreu ontem em decorrência do tiro levado no último domingo (7), antes do jogo entre Goiás e São Paulo, no Gama (DF).

Como representante do Distrito Federal na Casa Legislativa, Cristovam disse que sentia "obrigação" de desculpar-se com os familiares do torcedor pelo "erro" do policial militar que disparou contra o jovem.

"Temos de pedir desculpas porque, se houvesse um hospital em condições de atendê-lo naquele local, ao lado do estádio, seria possível não ter acontecido esse desenlace. Além disso, a polícia do Distrito Federal, que é, sim, a mais bem preparada do Brasil, senão uma das mais bem preparadas, não podia deixar que acontecesse um erro daquele", afirmou.

Cristovam também pediu desculpas aos demais torcedores são-paulinos e ao Estado de São Paulo pela morte do jovem.

Ontem (11), o médico Carlos Silvério, chefe do Departamento de Neurocirurgia do Hospital de Base de Brasília, onde o jovem estava internado, afirmou que a morte pode ter sido causada por uma pancada. César de Jesus foi levado para o Hospital de Base, que fica distante da cidade-satélite do Gama, onde foi realizada a partida --onde, segundo o senador, não há hospital preparado para atendimentos de ampla gravidade.

O médico informou ainda que o jovem tinha uma fratura na nuca, mas ainda não é possível informar se a fratura foi causada pelo tiro ou pela coronhada, dada pelo sargento da Polícia Militar José Luiz Carvalho Barreto, apontado como responsável pelo tiro.

O sargento foi detido após o tiro, mas foi solto na noite de segunda-feira (8) após ter concedida a liberdade provisória pela Justiça. O promotor Paulo Gomes, do Distrito Federal, afirmou que as imagens divulgadas do momento do disparo mostram que o tiro dado pelo sargento foi acidental e que ele não teve intenção de atirar contra o torcedor.

Mesmo assim, o promotor destaca que apenas o laudo do IML vai determinar com certeza a causa da morte e, conseqüentemente, o crime pelo qual o sargento será denunciado. A expectativa é que o laudo seja concluído em até cinco dias.