Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/03/2002 - 06h02

Polícia investiga elo de Eugenio Chipkevitch com rede de pedofilia

Publicidade

IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo

A polícia de São Paulo e o Ministério Público investigam se o pediatra e psicoterapeuta de adolescentes Eugenio Chipkevitch, 47, vendia fitas de vídeo em que aparece em suposto abuso sexual de menores para uma rede internacional de pedofilia.

Essa é uma das três linhas de investigação adotadas após devassa, ontem, no consultório do psicoterapeuta, no Brooklin (zona sul).

Chipkevitch foi preso anteontem, por volta das 14h, em sua casa, também no Brooklin, após veiculação de parte das fitas no "Programa do Ratinho", no SBT, na noite anterior.

Segundo a polícia, o médico admitiu que é ele quem aparece nas cenas. Ao ser preso, porém, disse a jornalistas não saber do que estava sendo acusado.

Ao todo, 35 fitas foram apreendidas. Segundo a polícia, elas foram encontradas no lixo e entregue a emissoras de TV.

A polícia também investiga a hipótese de Chipkevitch ter feito as filmagens para consumo próprio ou para exibir a amigos. "Ele admitiu que era ele nas fitas. Mas se esquivava de qualquer outra pergunta, com jeito de quem não sabe o que responder", disse o delegado Virgílio Guerreiro Neto, do 51º DP, no Butantã.

Segundo o delegado, Chipkevitch, na manhã de anteontem, cancelou todas as consultas do dia. Ao ser surpreendido em sua casa, estava separando roupas e tinha malas enfileiradas no quarto. No consultório, a polícia encontrou bilhete, sem assinatura, que dizia: "Estou muito preocupado porque D. [filho do médico", 10, viu a fita e está chorando."

Policiais, peritos do Instituto de Criminalística e o promotor José Carlos Blat revistaram ontem o consultório do pediatra por quatro horas e meia. Segundo o delegado, as filmagens eram feitas em uma sala do consultório.

No local, foram apreendidos computadores e disquetes, o que subsidiaria a hipótese de que o médico vendia filmagens, possivelmente pela internet.
Nas filmagens, a câmera fixava um quadro, o que indicaria o uso de um tripé, segundo Blat.

Agora, a maior dificuldade da polícia é identificar as vítimas: o mau estado das fitas dificulta. Segundo Blat, muitas estão parcialmente quebradas ou sujas de gesso. Uma perícia irá mostrar quando as imagens foram feitas.

Segundo a polícia, além de adolescentes, o médico também atendia a maiores de idade. Segundo a secretária do pediatra, Regina Brasil Correa, havia diversas meninas entre os clientes do consultório, mas a polícia ainda não confirmou a presença de nenhuma delas nas fitas já assistidas.

Segundo o delegado Guerreiro Neto, mais de 30 famílias já entraram em contato com a delegacia agendando depoimentos. A maioria quer saber se os filhos estão entre os jovens que aparecem nas gravações. Os familiares serão ouvidos a partir de segunda-feira. De acordo com a polícia, cerca de cem jovens passavam pelo consultório do médico por mês, pagando R$ 240,00 por consulta.

A secretária, que trabalhava com Chipkevitch há 18 anos, segundo policiais, afirmou não saber da existência de câmeras no consultório. Ela afirmou, ainda, que nunca havia desconfiado do médico, deixando inclusive que tratasse de dois de seus filhos.

Chipkevitch possui um filho adotivo, D., 10, que está sendo localizado pela polícia. Segundo o delegado, o menino será examinado para constatar se sofreu abuso sexual.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página