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08/04/2002 - 09h40

Aprenda a reduzir o risco de ser vítima da violência

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RENATO ESSENFELDER
da Folha de S.Paulo

Se você costuma trafegar na faixa da esquerda da rua ou andar na calçada do lado oposto ao meio-fio, cuidado. Você é uma vítima preferencial dos criminosos.

"O comportamento da vítima desencadeia a ação criminal", diz o titular da 3ª delegacia da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio de São Paulo, Walter Sérgio de Abreu. Segundo ele, embora eliminar o crime seja uma utopia, mudanças simples de hábitos podem diminuir em até 70% o risco de sofrer violências.

O assunto é tão sério que há até uma ciência a respeito, a vitimologia (leia texto abaixo). Não é, contudo, uma ciência exata. As dicas não eliminam completamente o risco de violência. "Mas, se todos seguissem as orientações, os índices [de crime" cairiam sensivelmente", afirma Abreu.

"O ladrão procura o mesmo que nós: um negócio perfeito. E a vítima perfeita é aquela que carrega mais de uma bolsa, fica olhando para o infinito e não presta atenção no caminho, anda desacompanhada em local ermo. Geralmente é mulher ou então homem mais velho", diz o delegado da divisão de crimes patrimoniais.

Segundo a polícia, a atitude de andar atento, olhando para os lados, reduz em mais de 50% o risco de roubo. No caso de furto, o risco é quase zerado.

Para os crimes de sequestro, os conselhos são outros. O importante é tomar muito cuidado ao contratar um empregado, checar referências, não dar informações a estranhos e alternar caminhos para chegar ao trabalho.

Novos cuidados

Alguns conselhos da polícia (leia informações no quadro) já são conhecidos da maioria da população. São orientações para que as pessoas procurem andar em grupo, tranquem as portas de casa e do carro, carreguem a bolsa na frente do corpo ou a carteira no bolso dianteiro da calça.

Outras recomendações são pouco conhecidas ou respeitadas. São as dicas para reforçar a porta dos fundos da casa -alvo mais frequente de arrombamentos-, parar nas faixas da direita da rua quando o sinal estiver vermelho, caminhar próximo ao meio-fio para evitar que assaltantes encurralem você contra a parede.

Excessos

Algumas medidas adotadas pelos mais cautelosos são menosprezadas pela polícia. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, não existe necessidade de andar com apenas uma folha de cheque ou deixar de receber o extrato do banco em casa, por exemplo, com medo de que
quadrilhas saibam quanto dinheiro você tem em conta.

Os cheques, diz a polícia, podem ser sustados em caso de roubo. A hipótese de que alguém roube o carteiro em busca de extratos bancários é tão remota que o cuidado é tido como excessivo.

Embora, na avaliação da polícia, as recomendações de segurança não sejam seguidas pela maioria das pessoas, algumas as levam muito a sério. É o caso de uma psicóloga, que não quis se identificar, ouvida pela Folha.

Ela muda de caminho todos os dias para levar a filha de três anos para a escola, tem medo de parar em blitze da polícia (acha que podem ser assaltantes disfarçados), não usa jóias, não tem mais cartão de banco com medo de sequestros relâmpago e só deixa o carro em estacionamentos cobertos, nunca na rua.

Ela começou a tomar as precauções no começo do ano, com medo da onda de assaltos na própria vizinhança. Entre os amigos, medo e violência são temas constantes. "Mas sei que são cuidados paliativos. Não é me protegendo que a violência diminui", diz.

Já um importador e exportador de carnes -que também não quis se identificar- reconhece a importância das dicas, mas disse não seguir a maioria delas.

Ainda assim, ele não anda mais à noite, evita ruas que considera perigosas, não usa mais relógio, sua mulher não carrega jóias, tem botão de pânico no Audi A3 blindado e alarmes e câmeras no condomínio em que mora. "Gostaria ainda de ter um segurança 24 horas por dia comigo", completa.

Ele mandou blindar o carro depois de ter os amigos assaltados, um cliente sequestrado e a mulher vítima de uma tentativa de roubo.
 

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