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11/04/2002 - 19h37

Padre acusado de pedofilia é preso em Minas Gerais

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ADRIANA CHAVES
da Agência Folha

A polícia de Ouro Preto (96 km de Belo Horizonte) prendeu no final da tarde desta quinta-feira o padre Bonifácio Buzzi, 41, da diocese de Mariana, acusado de pedofilia. O religioso estava em liberdade condicional por ter sido condenado pelo mesmo crime, quando atuava na paróquia de outra cidade.

Buzzi _que estava foragido desde o começo da semana_ teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Antônio Carlos Braga, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, comarca de Mariana, no final desta manhã. O padre foi preso por volta das 17h30.

O pedido de prisão se baseia em denúncia protocolada ontem pelo Ministério Público. Na representação, o promotor Antônio Carlos de Oliveira relata dois episódios em que o garoto A.L.A.M., 11, teria sido molestado sexualmente pelo padre.

Segundo a denúncia, no dia 3 de abril, o padre foi à casa do garoto, no distrito de Mainarte, zona rural de Mariana, e pediu à mãe da criança, Maria Lúcia Olário, para levar A. para pescar.

"Chegando à beira do rio, ambos ficaram nus, e ele praticou sexo oral no menino por tempo prolongado. Depois, pediu para que ele fizesse o mesmo, mas a criança não aceitou," disse o promotor Oliveira.

Em depoimento ao promotor, A. disse que se recusou a realizar sexo oral porque não gostaria de fazer aquela prática. A criança disse ter visto o sêmen de Buzzi.

O padre teria pago R$ 5 ao garoto para garantir que ele mantivesse segredo do ato.

Dois dias depois, o religioso retornou à casa de A. para convidá-lo para uma nova "pescaria". Dessa vez, a autorização foi dada pela avó, Hilda Corrêa Veloso, que mora numa casa no terreno vizinho.

"Ele voltou a praticar sexo oral no menino e, como recompensa, deu R$ 3 ao garoto," afirmou o promotor.

A primeira a desconfiar do caso foi a professora de A., Ana Cristina da Silva, que alertou a família sobre o comportamento estranho do aluno.

O garoto acabou confessando os dois episódios, e os pais o encaminharam ao Conselho Tutelar de Mariana antes que o Ministério Público instaurasse inquérito.

A denúncia cita ainda casos semelhantes protagonizados pelo padre em Joinville (SC) e outros Estados.

Buzzi já havia sido condenado a 13 anos de prisão por pedofilia, em Minas Gerais, em 95, e cumpria a pena em regime de liberdade condicional. Na ocasião, o padre foi responsabilizado por molestar sexualmente dois meninos (de 5 e 11 anos), vítimas de violência familiar e dependência química, que moravam na paróquia.

Apesar das acusações, o religioso continuou prestando atendimentos, como auxiliar à comunidade carente da zona rural, especialmente em Barro Branco e Magalhães.

O padre Paulo Barbosa e o vigário-geral monsenhor Vicente de Lázio, ambos da Diocese de Mariana, não foram localizados para comentar as acusações envolvendo Buzzi.

D. Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana, também não se pronunciou durante todo o dia de hoje. Segundo sua assessoria, ele preside a 40ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que acontece até o dia 19, em Indaiatuba (SP).

"É óbvio que a Igreja Católica considera o caso grave e condena a prática. Embora não ignore o assunto, a pedofilia não faz parte da pauta de discussões desse encontro. O tema só deverá ser avaliado após sua conclusão," disse a assessora de d. Luciano, irmã Patrícia Silva.

A Agência Folha não conseguiu falar esta quinta-feira, por telefone, com o padre Bonifácio Buzzi.

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