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06/05/2002
-
19h12
FABIANO MAISONNAVE
da Agência Folha, em Campo Grande
A pedido da Funai (Fundação Nacional do Índio), a Polícia Federal deve abrir nos próximos dias um inquérito para investigar um suposto esquema de compra de crianças indígenas na Reserva de Dourados (220 km de Campo Grande). Na área, de apenas 3.500 hectares, vivem cerca de 9.600 índios, a maioria caiovás.
Na semana passada, uma equipe de reportagem do "Programa do Ratinho", do SBT, "comprou" uma criança de 11 meses da própria mãe por R$ 250. Em seguida, a reportagem devolveu a criança à mãe. A matéria foi ao ar na quarta-feira.
Na sexta, a Funai enviou a procuradora Ana Maria de Carvalho para acompanhar o caso.
Hoje, em sua primeira visita à reserva, ela ouviu o relato de uma mulher cuja filha teria vendido uma criança de seis meses. A mãe da criança, que teria entre 18 e 19 anos, não foi localizada.
"O caso é bem mais complicado do que parece", disse a procuradora. "Só a Polícia Federal, em um grande inquérito, pode resolver a situação."
Ana Maria, no entanto, acredita que o esquema não atingiria apenas crianças indígenas. "Houve outros casos na região envolvendo crianças não-índias."
No mês passado, a polícia descobriu em Dourados a venda de um recém-nascido em 12 parcelas de R$ 180. Duas mulheres foram presas em flagrante.
Confinamento
A população indígena da região de Dourados ganhou notoriedade nos anos 90 como símbolo da degradação da situação do índio no Brasil.
Confinados em pequenas áreas e sem perspectivas econômicas, os caiovás começaram a se suicidar em números cada vez maiores.
O fenômeno ainda continua: este ano, foram registrados pelo menos 22 casos de suicídio, mais da metade do número registrado no ano passado, quando 43 índios tiraram a própria vida, segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Além do suicídio, são comuns casos de alcoolismo, desnutrição infantil e tuberculose.
A principal fonte de renda da reserva são as fazendas de cana-de-açúcar da região, como bóias-frias.
Além disso, cerca de 4.000 caiovás vivem em acampamentos à espera de demarcação de terras na região, segundo a Funai.
Funai e PF investigam compra de crianças indígenas em MS
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da Agência Folha, em Campo Grande
A pedido da Funai (Fundação Nacional do Índio), a Polícia Federal deve abrir nos próximos dias um inquérito para investigar um suposto esquema de compra de crianças indígenas na Reserva de Dourados (220 km de Campo Grande). Na área, de apenas 3.500 hectares, vivem cerca de 9.600 índios, a maioria caiovás.
Na semana passada, uma equipe de reportagem do "Programa do Ratinho", do SBT, "comprou" uma criança de 11 meses da própria mãe por R$ 250. Em seguida, a reportagem devolveu a criança à mãe. A matéria foi ao ar na quarta-feira.
Na sexta, a Funai enviou a procuradora Ana Maria de Carvalho para acompanhar o caso.
Hoje, em sua primeira visita à reserva, ela ouviu o relato de uma mulher cuja filha teria vendido uma criança de seis meses. A mãe da criança, que teria entre 18 e 19 anos, não foi localizada.
"O caso é bem mais complicado do que parece", disse a procuradora. "Só a Polícia Federal, em um grande inquérito, pode resolver a situação."
Ana Maria, no entanto, acredita que o esquema não atingiria apenas crianças indígenas. "Houve outros casos na região envolvendo crianças não-índias."
No mês passado, a polícia descobriu em Dourados a venda de um recém-nascido em 12 parcelas de R$ 180. Duas mulheres foram presas em flagrante.
Confinamento
A população indígena da região de Dourados ganhou notoriedade nos anos 90 como símbolo da degradação da situação do índio no Brasil.
Confinados em pequenas áreas e sem perspectivas econômicas, os caiovás começaram a se suicidar em números cada vez maiores.
O fenômeno ainda continua: este ano, foram registrados pelo menos 22 casos de suicídio, mais da metade do número registrado no ano passado, quando 43 índios tiraram a própria vida, segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Além do suicídio, são comuns casos de alcoolismo, desnutrição infantil e tuberculose.
A principal fonte de renda da reserva são as fazendas de cana-de-açúcar da região, como bóias-frias.
Além disso, cerca de 4.000 caiovás vivem em acampamentos à espera de demarcação de terras na região, segundo a Funai.
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