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16/05/2009 - 08h27

Área irrigada no Ceará não via enchente havia 25 anos

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CÍNTIA ACAYABA
da Agência Folha

Com os fortes temporais que atingem o Nordeste, até moradores que vivem em áreas do semiárido onde há projetos de combate à seca foram obrigados a abandonar suas casas. Ao menos sete locais que participam do projeto de irrigação do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, do governo federal) foram afetados. O número total de áreas administradas pelo órgão no Nordeste é 38.

Das sete áreas de irrigação alagadas, quatro estão no Ceará, uma na Paraíba, uma no Maranhão e uma no Piauí. Em Morada Nova (CE), 202 famílias que vivem nos lotes tiveram de deixar as moradias. Elas tiveram de alugar imóveis em municípios vizinhos, abrigar-se em escolas ou seguir para casas de amigos e parentes. Havia 25 anos isso não ocorria no perímetro irrigado de Morada Nova. Nesses locais, há a instalação de canais para levar a água de um reservatório às terras irrigáveis, máquinas para o seu bombeamento, entre outros, além de galpões para a estocagem da produção.

"Desde a década de 80 que o povo não via isso aqui. O sistema de drenagem não suportou o excesso de água e os moradores de uma região do perímetro tiveram que sair", diz Geneziano Martins, diretor de irrigação da vila. Plantações de arroz ficaram embaixo d'água.

"Esses lotes atingidos foram construídos no modelo antigo de irrigação, em áreas baixas, próximos de rios e açudes, onde há declividade. Os novos projetos foram implantados em áreas mais altas para evitar, entre outras coisas, problemas como esse", afirma o diretor-geral do Dnocs, Elias Fernandes.

Em Sousa (445 km de João Pessoa), outros 500 moradores da vila de São Gonçalo, que também vivem em áreas com infraestrutura de irrigação do Dnocs, tiveram de abandonar as casas. Parte das plantações de banana e coco foi perdida.

"Quando a densidade da chuva é alta, os moradores das áreas mais baixas vão desocupando suas casas", diz Francisco de Oliveira, servidor do Dnocs. Ele mesmo teve a casa alagada no ano passado por causa das chuvas na Paraíba e teve de deixar o perímetro com cerca de 2.000 pessoas.

No projeto Várzea dos Flores, em Joselândia (MA), os proprietários dos lotes perderam suas plantações de arroz e milho nos últimos dias.

Para o diretor-geral do Dnocs, é possível melhorar os diques e os sistemas de drenagem dos perímetros afetados. Fernandes diz, no entanto, que desde a década de 80 não eram registradas inundações como essas nas áreas.

Já são mais de 260 mil pessoas fora de casa e 41 mortos em razão dos temporais no Nordeste. O número de vítimas pode ser maior devido ao registro de desaparecidos. A previsão para o fim de semana, segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil, é de chuva forte em todos os nove Estados da região.

Colaboraram GUSTAVO HENNEMANN e RENATA BAPTISTA, da Agência Folha

Comentários dos leitores
jairo dias (1) 15/06/2009 19h27
jairo dias (1) 15/06/2009 19h27
olha sò eu queria saber. ..cadê o velhinho(engenheiro, ou sei la o que) que apqreceu em reportagens de tv dizendo um ou dois dias antes que tava tudo bem e que a barragem não romperia... sem opinião
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José Nilson Campos (5) 31/05/2009 14h02
José Nilson Campos (5) 31/05/2009 14h02
Antes de buscar culpado(s) é importante estruturar os fatos. Há duas coisas distintas: 1) o arrombamento da barragem e 2) a remoção das populações das áreas de risco. O erro pode estar em dois pontos: 1)No projeto ou na construção. Somente uma perícia técnica bem feita pode identificar as causas. No segundo caso, remoção das populações, deixou-se de aplicar o princípio da precaução. Para tomar decisões em situações de riscos, como no caso, é necessário um sistema institucional competente e estabelecido. A informação técnica, de um comitê de alto nível, deve ser transferida para os decisores político-institucionais. Não se deve, nunca, em situações dessa natureza, deixar a responsabilidade em um único indivíduo.
Em aviação uma queda de uma aeronave é, quase sempre, uma tragédia que resulta em muitas vítimas. Contudo, essas tragédias são objeto de perícias e estudos para criar procedimentos e técnicas que reduzam o número de desastres no futuro. Assim devia ser feito com desastres em barragens. Cada desastre devia ser objeto de um relatório completo para uma entidade superior que iria estabelecer políticas de segurança de barragem. É uma pena que na busca de um Estado mínimo, coisas importantes como segurança de barragens ou de outras grandes obras de Engenharia tenham sido esquecidas. É hora de repensar. Que desastres como esse sirvam para instituir um sistema que possa poupar vidas no futuro.
14 opiniões
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Simpson Bonner (157) 29/05/2009 20h54
Simpson Bonner (157) 29/05/2009 20h54
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