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12/08/2002
-
19h30
MARIO HUGO MONKEN
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
O percussionista do grupo O Rappa, Paulo Sérgio Santos Dias, 21, o Paulo Negueba, entrará com uma ação indenizatória contra o Estado por ter sido baleado na noite de sexta-feira quando saía de casa, na favela de Vigário Geral (zona norte do Rio).
Segundo o coordenador-executivo do grupo cultural Afro Reggae _formado em 1993 depois de uma chacina deixar 21 mortos na favela_, José Júnior, a decisão foi tomada porque Negueba diz ter certeza de que foi atingido por tiros disparados por policiais. O músico também integra a banda Afro Reggae.
Na sexta-feira, uma equipe do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) fez uma uma operação na favela. No dia seguinte, o comandante da unidade, coronel Venâncio Moura, foi exonerado pela governadora Benedita da Silva (PT).
"Apesar de a PM [Polícia Militar] dizer que foi atacada por traficantes, ele [Negueba] afirma que foi a polícia que entrou atirando na favela. Ele viu. Ouvi outros 80 jovens da comunidade e todos dizem a mesma coisa", disse Júnior.
Segundo ele, Negueba não está revoltado, mas indignado com o incidente.
"Ele disse à governadora [que visitou Negueba no sábado]: todos os dias morrem negros, pobres e favelados em morros do Rio. A molecada está sendo exterminada por todos os lados: por policiais e por bandidos", afirmou ele.
Em nota enviada aos jornais, Júnior escreveu que policiais disseram: "Benedita mandou matar, a gente está matando". Mas ele não acredita que seja verdade. "Isso é jogo político para atingi-la", disse.
O delegado encarregado das investigações, Daniel Goulart, da 38ª Delegacia, disse que pretende ouvir o percussionista ainda esta semana. Goulart apura se houve excessos do Bope.
Internado no hospital Copa D'Or (Copacabana, zona sul), Negueba deve sair da unidade semi-intensiva amanhã. Seu estado de saúde é estável. Ele deve permanecer no hospital por mais 15 dias.
Novo comandante
O secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, anunciou hoje o coronel Sérgio Woolf Meinicke, 49, como o novo comandante do Bope, em substituição a Moura.
Meinicke esteve à frente do Bope entre novembro de 1996 e novembro de 1997, no governo de Marcello Alencar (PSDB). Atualmente, comandava a Escola Superior de Polícia Militar. Ele está na corporação há 28 anos.
"É uma pessoa experiente, com vários cursos de especialização", disse o secretário.
Aguiar informou que a chegada de Meinicke coincidirá com um enxugamento do Bope, que tem 406 policiais. "Acredito que, com menos homens, a qualidade será melhor", declarou.
Segundo Aguiar, caberá ao novo comandante decidir com qual efetivo trabalhará.
O comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, disse que Meinicke vai melhorar a imagem do Bope. Ele classificou a ação da unidade em Vigário Geral como sendo "não desejada", pois atingiu alguém não envolvido com o tráfico.
Leia mais:
Governo do Rio anuncia nome do novo comandante do Bope
Músico baleado do Rappa entrará com ação indenizatória contra o Rio
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TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
O percussionista do grupo O Rappa, Paulo Sérgio Santos Dias, 21, o Paulo Negueba, entrará com uma ação indenizatória contra o Estado por ter sido baleado na noite de sexta-feira quando saía de casa, na favela de Vigário Geral (zona norte do Rio).
Segundo o coordenador-executivo do grupo cultural Afro Reggae _formado em 1993 depois de uma chacina deixar 21 mortos na favela_, José Júnior, a decisão foi tomada porque Negueba diz ter certeza de que foi atingido por tiros disparados por policiais. O músico também integra a banda Afro Reggae.
Na sexta-feira, uma equipe do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) fez uma uma operação na favela. No dia seguinte, o comandante da unidade, coronel Venâncio Moura, foi exonerado pela governadora Benedita da Silva (PT).
"Apesar de a PM [Polícia Militar] dizer que foi atacada por traficantes, ele [Negueba] afirma que foi a polícia que entrou atirando na favela. Ele viu. Ouvi outros 80 jovens da comunidade e todos dizem a mesma coisa", disse Júnior.
Segundo ele, Negueba não está revoltado, mas indignado com o incidente.
"Ele disse à governadora [que visitou Negueba no sábado]: todos os dias morrem negros, pobres e favelados em morros do Rio. A molecada está sendo exterminada por todos os lados: por policiais e por bandidos", afirmou ele.
Em nota enviada aos jornais, Júnior escreveu que policiais disseram: "Benedita mandou matar, a gente está matando". Mas ele não acredita que seja verdade. "Isso é jogo político para atingi-la", disse.
O delegado encarregado das investigações, Daniel Goulart, da 38ª Delegacia, disse que pretende ouvir o percussionista ainda esta semana. Goulart apura se houve excessos do Bope.
Internado no hospital Copa D'Or (Copacabana, zona sul), Negueba deve sair da unidade semi-intensiva amanhã. Seu estado de saúde é estável. Ele deve permanecer no hospital por mais 15 dias.
Novo comandante
O secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, anunciou hoje o coronel Sérgio Woolf Meinicke, 49, como o novo comandante do Bope, em substituição a Moura.
Meinicke esteve à frente do Bope entre novembro de 1996 e novembro de 1997, no governo de Marcello Alencar (PSDB). Atualmente, comandava a Escola Superior de Polícia Militar. Ele está na corporação há 28 anos.
"É uma pessoa experiente, com vários cursos de especialização", disse o secretário.
Aguiar informou que a chegada de Meinicke coincidirá com um enxugamento do Bope, que tem 406 policiais. "Acredito que, com menos homens, a qualidade será melhor", declarou.
Segundo Aguiar, caberá ao novo comandante decidir com qual efetivo trabalhará.
O comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, disse que Meinicke vai melhorar a imagem do Bope. Ele classificou a ação da unidade em Vigário Geral como sendo "não desejada", pois atingiu alguém não envolvido com o tráfico.
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