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14/08/2002 - 17h51

Morte de assistente social na BA gera dúvidas sobre ação da PM

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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

A morte da assistente social Magali Bittencourt, 29, na unidade da Case (Comunidade de Atendimento Sócio-Educativo), em Simões Filho (região metropolitana de Salvador), gerou dúvidas sobre a ação da polícia.

O sequestro terminou depois de 23 horas quando o ex-interno Ednalvo de Jesus Andrade, 19, matou com um tiro no tórax a assistente social, de acordo com a PM. Após ouvir o disparo, policiais de elite invadiram o local e mataram Andrade com dois tiros no peito.

Porém em seguida às mortes, o delegado Hélio Jorge, chefe do COE (Comando de Operações Especiais) da PM, disse que uma ação errada da corporação teria motivado a atitude do ex-interno. "Com certeza, o início do processo todo foi [o lançamento de] uma bomba de gás lacrimogêneo, foi o que causou tudo."

A secretária da Segurança Pública da Bahia, Kátia Alves, disse que a PM não foi precipitada. "Utilizamos os mais modernos métodos de gerenciamento de crise. A bomba somente foi jogada depois que ouvimos o disparo."

Esta tarde, a delegada disse que todos os policiais envolvidos na operação serão ouvidos nos próximos dias. O revólver que teria sido utilizado pelo ex-interno também foi encaminhado à perícia. "Vamos fazer um exame de balística para identificar os responsáveis pelas mortes. No entanto, análises preliminares demonstram que realmente o ex-interno matou a assistente social", disse Kátia Alves.

Sequestro
Condenado por matar seus avós há três anos, Ednalvo Andrade, que cumpria o final da pena em regime semi-aberto, chegou à Case _entidade semelhante à Febem_ às 8h de ontem.

Ao perceber que a assistente social descia do ônibus para trabalhar, Andrade apontou um revólver para a cabeça de Magali Bittencourt e pediu para ficar em uma sala totalmente isolada.

Até a morte de ambos, o ex-interno e a assistente social permaneceram na mesma posição. "Os dois ficaram sentados, ela de frente para ele, com o revólver apontado para a sua cabeça", disse o diretor da Case, unidade subordinada à Fundac (Fundação da Criança e do Adolescente), Carlos Alberto Ferreira da Silva.

Andrade também se recusou a negociar a libertação da assistente social com três interlocutores designados pela PM.

"Ele dizia apenas que estava apaixonado pela assistente social e não queria saber de nenhum tipo de negociação", acrescentou a delegada Eliana Tourinho, responsável pelo inquérito que vai apurar as duas mortes.

Socorrida pela PM, Magali Bittencourt, que trabalhava havia quatro anos na Case, morreu na emergência do Hospital São Rafael. O ex-interno também foi transportado para o Hospital Ernesto Alencar, em Simões Filho, mas não resistiu aos ferimentos.

Amigo de Andrade, o monitor Jorge Bispo, 30, disse que pediu várias vezes para o ex-interno libertar a assistente social. "Sou um homem morto por dentro. Magali, durante todo o tempo, mentiu para mim. Agora, em um ato de amor, vamos morrer juntos", teria dito o ex-interno, de acordo com Bispo.

A secretária Kátia Alves disse que a sala escolhida pelo ex-interno dificultou a ação da PM. "Havia apenas uma pequena janela, que era aberta somente durante as negociações. Mesmo assim, durante todo o tempo, Andrade sempre manteve o revólver apontado para a cabeça da assistente social."

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