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19/08/2002 - 19h55

CRM-RJ investiga causas do coma de mulher após lipoaspiração

SABRINA PETRY
da Folha de S.Paulo, no Rio

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) anunciou que vai instaurar sindicância para apurar o que ocasionou o coma de uma jovem de 21 anos que se submeteu a uma lipoaspiração na quinta-feira e desde então se encontra em estado grave no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) na Policlínica de Botafogo (zona sul do Rio).

O cirurgião plástico Ricardo da Costa Cunha, membro-titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que operou a jornalista Renata Siqueira Nassif, disse não saber o que pode ter causado o coma.

Renata se internou na quinta-feira para realizar uma cirurgia de lipoaspiração no abdômen e nas costas. Ela queria perder o excesso de peso adquirido durante a gravidez de Eduarda, de quatro meses.

Segundo Cunha, a jornalista recebeu uma anestesia geral para que as costas pudessem ser lipoaspiradas. A seguir, uma anestesia peridural foi aplicada para o procedimento na barriga.

O médico disse que a aplicação de duas anestesias é necessária para que a paciente fique o menor tempo possível sob o efeito da anestesia geral, que representa um risco maior do que a peridural.

Após uma hora e dez minutos de cirurgia, a paciente sofreu uma hipossistolia (redução dos batimentos cardíacos), o que obrigou a equipe a interromper a operação. Ela recebeu massagem cardíaca, foi entubada e passou a respirar com a ajuda de aparelhos.

"Esses procedimentos permitiram que os batimentos cardíacos se normalizassem. A seguir, suturamos a paciente e esperamos que ela acordasse da cirurgia, o que não aconteceu", disse o cirurgião.

Só então os médicos constataram que ela havia evoluído para um quadro de coma.

"Não sabemos o que aconteceu. Há dias não consigo dormir, tentando encontrar uma razão para isso tudo", disse Cunha.

O cirurgião contou que está reavaliando todo os procedimentos cirúrgicos e as informações prestadas pela paciente no relatório que teve de preencher antes da cirurgia.

O médico disse que só agora recebeu informações que a paciente teria omitido nas consultas. Uma delas é o fato de a jornalista ter tido pré-eclâmpsia (picos de pressão alta) na gestação. Ela também teria dito ao cirurgião que não estaria mais amamentando o filho, o que foi negado pela família.

Cunha também disse ter sido informado de que ela fazia uso de medicamentos para emagrecer, o que foi omitido no relatório e negado pela família.

"Quando ela me procurou, disse que não a operaria enquanto estivesse amamentando. Um mês depois, ela pediu nova consulta e me comunicou que havia deixado de amamentar."

Os exames pré-operatórios não acusaram nenhuma anormalidade que pudesse impedir a cirurgia, disse o médico.

O marido de Renata, Eduardo Nassif, 28, que era contra a cirurgia, disse que a mulher estava obcecada com a idéia de emagrecer, pois tinha medo de perdê-lo.

A família da jornalista também a desaconselhou a fazer a lipoaspiração. Por isso, as consultas e a operação foram marcadas sem o conhecimento de todos.

Para Nassif, o médico foi irresponsável em aceitar a cirurgia. "Queremos saber se foi uma fatalidade ou se houve erro médico. No caso de ter havido erro, vamos à Justiça."

O diretor da clínica e chefe do CTI, Ricardo Caratta, informou que a Policlínica de Botafogo se solidariza com a família de Renata, mas que não se responsabiliza pelo que aconteceu, pois apenas cedeu o centro cirúrgico para a lipoaspiração.

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